sábado, junho 25, 2016


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Um crime antes do tempo.





A 1.ª Exposição Colonial, instalada no Palácio de Cristal, abriu as suas portas ao público no dia 16 de Junho de 1934, após ter sido inaugurada, com pompa e circunstância, na noite anterior, numa sessão solene no Palácio da Bolsa do Porto em que esteve presente o Presidente da República, general Óscar Carmona.
.
.
.
O Presidente da República, Óscar Carmona sentado ao centro em cima, 
Henrique Galvão, sentado em baixo, terceiro a contar da direita

O tenente Henrique Galvão, director técnico da Exposição Colonial era então um promissor quadro em ascensão no firmamento do novíssimo Estado Novo. Em 1931, acompanhara o seu amigo e então ministro das Colónias, Armindo Monteiro à Exposição Colonial de Paris, onde apresentou uma comunicação no Congresso da Imprensa Colonial, na qualidade de director da revista Portugal Colonial, que fundara nesse mesmo ano.

.
.
.

Henrique Galvão, por Eduardo Malta.


Portugal Colonial, n.º 5 – Julho de 1931


.
.
A Exposição Colonial de 1934 no Porto pretendia ser, à nossa dimensão, uma réplica da exposição francesa mas evidenciando o carácter único da vocação colonial portuguesa. Como director técnico, Galvão era a alma daquele mini-Império que se espalhou pelos jardins do Palácio de Cristal, com as aldeias de indígenas das colónias expressamente trazidos para o Porto  ‑ a parcial nudez das mulheres africanas foi um enorme sucesso popular ‑, com numerosos stands comerciais, restaurantes, reproduções de monumentos célebres, como o arco dos vice-reis da Índia ou o farol da Guia de Macau, com um parque zoológico com diversos animais vivos (um zebu, uma leoa, uma gazela e um camelo) e, ainda, com um Luna-Park com diversas atracções tais como o Muro da Morte e o Comboio Fantasma.
...
.


Aldeia africana no Porto

.
.
Pavilhão da H. Vaultier

Salazar visitara o recinto da Exposição durante a sua construção e Galvão tinha tido a possibilidade de lhe mostrar a sua capacidade de concretização dos ideais do Estado Novo. A Exposição de 1934 pretendia ser a lição de colonialismo que faltava ao povo português, já que, afirmou Galvão no discurso da inauguração, os homens da sua geração tinham vindo ao Mundo num país pequeno mas, felizmente, pretendiam morrer num Império. Longe estavam, pois, os tempos da dissidência de Henrique Galvão. Ainda faltavam muitos anos para o seu apoio à candidatura oposicionista de Quintão Meireles à Presidência da República, para o desvio do paquete “Santa Maria” no mar das Caraíbas e do avião da carreira Casablanca-Lisboa da TAP .
E, no entanto ...
.
.
.
Torre do Tombo, PIDE/DGS, Delegação do Porto, Processo nº 4632/1934, NT 2838

Dois dias antes da inauguração circulava pelas ruas do Porto, um texto policopiado, com a reprodução da assinatura de Henrique Galvão, em que comunicava “ao Exmo. Público do Porto, do País e turistas estrangeiros” que a Exposição não iria ser inaugurada como previsto no dia 16 “ devido a um malfadado de um macaco africano ter destruído a jaula destinada a Sua Exa. General Carmona”.
.
.
.



Torre do Tombo, PIDE/DGS, Delegação do Porto, Processo nº 4632/1934, NT 2838
-
.
.
Em 23 de Junho, a Direcção da Polícia de Investigação Criminal do Porto abriu o “competente” processo crime, tendo sido ouvido o comerciante Virgílio Correia mas não houve quaisquer outras diligências. Henrique Galvão não chegou sequer a ser ouvido.
Ainda era cedo para que aquelas irónicas palavras lhe pudessem ser atribuídas...





 Francisco Teixeira da Mota

quarta-feira, junho 22, 2016

CRONOLOGIA DO LIBERALISMO - DE 1777 A 1926
O regime republicano,
de 1910 a  1926.
- - -
1.ª parte: de 1910 a 1919
Busto da República
Busto da República 


1910
Outubro, 5 - Instauração do regime republicano. O Exército, sobretudo o seu corpo de oficiais, não participou, de facto, nem a favor nem contra a insurreição. É organizado um governo provisório presidido por Teófilo Braga.
Outubro, 6 - Proclamação da República no Porto.Outubro, 8 - São promulgados os decretos que expulsam os Jesuítas e encerram os conventos, tanto os masculinos como os femininos.
Outubro, 9 - Os presos pertencentes a associações secretas são libertados. O objectivo é libertar os membros da Carbonária, a organização bombista republicana.
Outubro, 10 - As perseguições religiosas, durante a primeira semana de governo republicano, fazem com que nas prisões de Lisboa estejam encarcerados 128 padres e 233 freiras, tendo sido assassinados dois padres lazaristas.
- As perseguições políticas em Lisboa produzem a destruição dos jornais Liberal, do partido progressista, e Portugal, católico.
- José Relvas é nomeado ministro da fazenda, devido à recusa de Basílio Teles em tomar posse.
Outubro, 12 - É criada a Guarda Nacional Republicana, novo nome dada às Guardas Municipais de Lisboa e Porto. A criação da Guarda tinha como objectivo retirar ao exército, encarado como a Nação em Armas, a função de defesa do regime, e de manutenção da ordem pública. Esta divisão de tarefas nunca existiu na prática.
Outubro, 14 - A família real chega a Inglaterra, após passagem por Gibraltar.
- O jornal a República Portugueza começa a circular, defendendo a instauração de uma ditadura revolucionária,  contra os provisórios - membros do grupo que domina o governo provisório - e osadesivos - os convertidos ao regime considerados oportunistas. Os seus criadores são antigos cabecilhas da greve académica republicana de 1907, e entre eles conta-se Alfredo Pimenta, Francisco Pulido Valente, Manuel Bravo e Tomás da Fonseca.
Outubro, 17 - Criação de uma comissão para estudar a reorganização do exército. Irá tentar-se criar um exército miliciano, mas de facto o núcleo profissional irá manter-se inalterável. A Policia Civil de Lisboa adopta o nome de Policia Cívica.
- Na Universidade de Coimbra a Sala dos Capelos é destruída, e os retratos dos reis D. Carlos e D. Manuel baleados, no decurso de uma manifestação contra os professores monárquicos e auniversidade fradesca.
Outubro, 18 - O ensino da doutrina cristã é abolido, assim como o juramento religioso em actos oficiais. Os títulos nobiliárquicos são abolidos.
Outubro, 19 - Manuel de Arriaga é nomeado reitor da Universidade de Coimbra..
Outubro, 20 - O Núncio Apostólico abandona Lisboa.Outubro, 21 - O bispo de Beja é suspenso das suas actividades apostólicas, devido ao abandono da sede episcopal, o que tinha acontecido por ter sido ameaçado de morte. Será destituído em 18 de Abril de 1911.
Outubro, 22 - O Brasil e a Argentina são os primeiros países a reconhecer  oficialmente a República Portuguesa. O ensino da doutrina cristã é proibida no ensino primário.
Outubro, 23 - O foro académico é abolido, assim como a obrigatoriedade do uso de capa e batina.
Outubro, 26 - Os dias santificados são abolidos, com a excepção do Domingo, passando a ser considerados dias de trabalho.
Outubro, 27 - Aparecimento do Correio da Manhã, organizado por jornalistas franquistas e que se assumem «representantes das classes conservadoras».
Novembro, 3 - É promulgada a lei do divórcio.
Novembro, 10 - A Grã-Bretanha reconhece de facto a República portuguesa, quando desembarca em Lisboa o novo embaixador.
Novembro, 11 - Continuando as perseguições por motivos religiosos, Afonso Costa propõe a divulgação dos nomes e das biografias dos jesuítas que viviam em Portugal.
Novembro, 12 - Surge o jornal O Intransigente, o órgão dos verdadeiros carbonários, dirigido por Machado Santos.
Novembro, 15 - Greve dos trabalhadores da Carris, que deu início a uma vaga grevista.
Novembro, 22 - Brito Camacho é nomeado ministro do Fomento, nova denominação para o ministério das Obras Públicas, substituindo António Luís Gomes.
Dezembro, 1 - A Bandeira Nacional republicana é inaugurada.
Dezembro, 6 - O direito à greve e ao lock-out é severamente restringido, por um decreto que ficará conhecido pelo decreto burla.
Dezembro, 25 - É instituído o casamento civil, e promulgada uma «Lei da Família».
Dezembro, 31 - As associações religiosas são reguladas, proibindo-se o exercício do ensino e a utilização pública de hábitos talares aos seus membros.

1911
Janeiro, 6 - António José de Almeida apresenta um projecto de regulamentação do horário de trabalho, que não é aprovado pelo conselho de ministros, ameaçando demitir-se. O projecto visa dar resposta à principal revindicação dos movimentos grevistas. 
Janeiro, 7 - Greve geral dos ferroviários, que termina o movimento grevista iniciado em 15 de Novembro de 1910. A resposta da GNR aos piquetes e manifestações sindicais é normalmente violenta.
Janeiro, 8 - Continuação das perseguições políticas com assalto às redacções dos jornais monárquicos de Lisboa, Correio da Manhã, O Liberal e Diário Ilustrado.
Janeiro, 10 - Regulamentação do descanso semanal obrigatório ao Domingo.
Janeiro, 11 - António José de Almeida aparece na Assembleia Geral dos Caixeiros, no Ateneu, e informa que se tenciona demitir devido à oposição de Afonso Costa e Brito Camacho ao seu projecto. Organiza-se uma manifestação que, dirigindo-se para o Terreiro do Paço, exige a sua permanência no governo. Teófilo Braga, o presidente do governo provisório, aceita, «em face da atitude do povo».
Janeiro, 15 - Começa a ser publicado o jornal República, dirigido por António José de Almeida.
- A Carbonária manifesta-se em Lisboa contra o movimento grevista, fazendo desfilar os chamadosbatalhões de voluntários da República.
Janeiro, 21 - O culto católico é proibido na capela da Universidade de Coimbra.
Fevereiro, 1 - Continuação da repressão política, com a destruição do Centro Académico de Democracia Cristã.
Fevereiro, 15 - É criada uma comissão para estudo da reforma da ortografia.
- João Chagas demite-se da junta consultiva do partido republicano, devido à nomeação de José Relvas e Brito Camacho para o Governo provisório.
Fevereiro, 17 - Continuam as perseguições políticas, com ameaças a Sampaio Bruno, que o levou a susper a publicação do Diário da Tarde, jornal que tinha fundado no Porto, e começado a sua publicação em 2 de Janeiro. Sampaio Bruno partiu para o exílio em Paris, depois de ter sido ameaçado pelo novo governador civil republicano do Porto.
Fevereiro, 18 - É instituído o Registo Civil obrigatório, com encerramento dos registos paroquiais.
Fevereiro, 23 - Numa pastoral colectiva, divulgado sem pedido prévio de autorização ao governo, os bispos portugueses tomam posição contra as medidas de laicização tomadas pelo governo até ao momento.
- Continuam as perseguições políticas, com confrontos, no Porto, entre republicanos e católicos, membros do Centro Católico e da Associação Católica.
Março, 2 - Lei do recrutamento. Instaura teoricamente, mas não de facto, o recrutamento universal. O sistema oficial das remissões - pagamento de um substituto - acaba, mas é substituído pelo sistema  -  corrupto - de pagamento para se ficar «não apto».
Março, 3 a 7 - Conflito entre Afonso Costa, que enquanto ministro da Justiça estava encarregado de supervisionar os Cultos, e os bispos devido à pastoral de 23 de Fevereiro, que o ministro queria ter censurado previamente, afirmando que negava o beneplácito do governo, o antigo beneplácito régio, vindo do século XIV.
Março, 14 - Promulgação da Lei eleitoral. O sufrágio universal, uma das principais bandeiras do partido republicano, não é estabelecido.
Março, 22 - São criadas as Universidades de Lisboa e do Porto, e criada uma Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra, em substituição da Faculdade de Teologia, extinta.
Março, 29 - Reorganização do ensino primário, criando-se o ensino oficial infantil, novo nível de ensino que de facto não é posto em prática.
Abril, 20 - É promulgada a Lei de Separação entre o Estado e a Igreja. Os bens da igreja são nacionalizados e o culto supervisionado. O Vaticano cortou relações com Portugal devido a esta lei. 
3 de Maio - Publicação do Decreto de organização da Guarda Nacional Republicana. Rapidamente começará a intervir na vida política.
22 de Maio - Institucionalização do Escudo como moeda oficial, em substituição do real. Não se trata de uma reforma monetária mas sim de uma alteração do processo de conta.
25 de Maio - Decreto de reorganização do Exército. Previa a existência de 8 divisões e 1 brigada de cavalaria, com um quadro permanente de 1.773 oficiais e 9.926 praças. O serviço militar devia ser geral e obrigatório. Os mancebos passavam por uma escola de recruta, de 15 a 30 semanas, sendo chamados quase todos os anos (7 em 10) para as escolas de repetição, que duravam 2 semanas. Criavam-se também escolas de quadros, que formariam os futuros oficiais milicianos. 
28 de Maio - Realizam-se as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
19 de Junho - Abertura da Assembleia Constituinte, composta de 229 membros. Sanciona a implantação da República e a abolição da Monarquia. Estabelece as cores e o desenho da Bandeira Nacional e adopta a Portuguesa, de Alfredo Keil, como Hino Nacional
- Os Estados Unidos da América reconhecem a República Portuguesa, sendo a primeira potência com algum significado a fazê-lo.
21 de Agosto - Promulgação da Constituição da República.
24 de Agosto - Eleição do Presidente da República. O escolhido, pelo colégio eleitoral formado pelas duas câmaras da Assembleia, é Manuel de Arriaga, que exercerá o cargo até Janeiro de 1915. 
- A França reconhece a República portuguesa, sendo o primeiro país europeu a fazê-lo
25 de Agosto - A Constituição entra em vigor.
3 de Setembro - Nomeação do primeiro Governo Constitucional da República, dirigido por João Chagas, mas com a oposição do grupo liderado por Afonso Costa. 
11 de Setembro - Reconhecimento conjunto da República portuguesa pelas grandes potências europeias, todas monárquicas: Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha, Itália e Áustria-Hungria.
12 de Setembro - A reforma ortográfica é instituída. 
21 de Setembro - O Partido Republicano Português cinde-se em quatro tendências: democráticos ou radicais, dirigidos por Afonso Costa, unionistas, dirigidos por Brito Camacho, evolucionistas, de António José de Almeida e independentes. 
5 de Outubro - Primeira incursão monárquica, comandada por Paiva Couceiro, em Trás-os-Montes. O ministro da guerra, general Pimenta de Castro, será exonerado dia 8 de Outubro seguinte, devido a divergências com João Chagas, presidente do Conselho de Ministros. Será substituído pelo major Alberto da Silveira.
20 de Outubro - António José de Almeida, ministro do interior, é vaiado no Rossio, abandonando o Partido Republicano.
27 a 30 de Outubro - Congresso do Partido Republicano Português. A direcção eleita é da confiança de Afonso Costa. A partir do Congresso passará a ser conhecido por Partido Democrático.
4 de Novembro - O governo de Angola pede auxílio a Lisboa para pôr cobro à rebelião instalada no planalto de Benguela, assim como no Bié, Lunda e Norte do Cassai.
13 de Novembro - Nomeação do segundo governo da República, dirigido por Augusto de Vasconcelos. Sobreviverá até 16 de Junho de 1912.
Dezembro - Realiza-se o recenseamento da população portuguesa. A população ascendia a 5.950.056 habitantes. 80% trabalhava na agricultura e 75% era analfabeta. 

1912
14 de Janeiro - A perseguição anti-clerical continua, com a proibição dos bispos de Coimbra e Viseu residirem no distritos das suas dioceses.28 a 30 de Janeiro - Greve geral em Lisboa de apoio aos trabalhadores do Alentejo. A resposta do governo levou ao encerramento de todas as sedes sindicais, declaração do estado de sítio e suspensão de todas as garantias constitucionais no distrito de Lisboa.
31 de Janeiro - Forças militares e da carbonária tomam de assalto a União dos Sindicatos. Os presos são enviados para bordo da fragata D. Fernando e do transporte Pêro de Alenquer.
7 de Fevereiro - O governo britânico desmente os boatos, postos a circular pelo embaixador português Teixeira Gomes, que davam como certo um acordo entre o Reino Unido e a Alemanha para divisão das colónias portuguesas de África.
24 de Fevereiro - António José de Almeida funda o Partido Evolucionista.
26 de Fevereiro - Brito Camacho funda o partido unionista - Partido União Republicana.
5 de Março - António José de Almeida apresenta um projecto de amnistia, que englobaria os monárquicos presos por atentarem contra o regime republicano. A proposta serviu de apresentação do partido evolucionista, e foi recusada.
15 de Abril - O Presidente do Ministério e ministro dos negócios estrangeiros, Augusto de Vasconcelos, garantiu na Câmara dos Deputados não existir nenhum tratado entre a Inglaterra e a Alemanha «de natureza a ameaçar a independência, a integridade e os interesses de Portugal ou de uma parte qualquer dos seus domínios.»
27 de Abril - O grupo de Afonso Costa domina o Congresso do Partido Democrático, realizado em Braga.
Maio - O Centro Académico de Democracia Cristã é reactivado, com uma direcção formada por Gonçalves Cerejeira, Oliveira Salazar e Pacheco de Amorim.
Maio / Junho - Greve da Carris que dura 26 dias.
16 de Junho - Tomada de posse do 3.º governo constitucional da República, dirigido por Duarte Leite, e constituído por tês membros do partido democrático, 2 evolucionistas e um independente.
6 e 7 de Julho - As forças monárquicas de Paiva Couceiro entram, pela segunda vez, em Portugal tentando tomar a praça de Valença, o que não conseguem. Entrarão no dia seguinte em Trás-os-Montes tentando capturar Chaves. 
8 de Julho - Combate de Chaves. Os monárquicos são completamente desbaratados, deixando alguns mortos e feridos no campo.
10 de Julho - Os projectos de construção dos caminhos-de-ferro de Benguela, em Angola, e da Zambézia, em Moçambique, são aprovados.
8 de Agosto - O governador Norton de Matos funda a cidade de Nova Lisboa, actual Huambo, em Angola.
Agosto - Realiza-se em Évora o 1.º Congresso dos Trabalhadores Rurais.
10 de Novembro - Afonso Costa, discursando em Santarém, afirma que «neste momento, em que vai talvez dar-se uma conflagração europeia ... nós não sabemos ainda qual terá de ser o nosso papel, porque não está definida verdadeiramente a natureza, a extensão, os efeitos da nossa aliança com a Inglaterra.»
18 de Dezembro - Um relatório secreto do Estado-Maior da Marinha britânica, conclui que Portugal não tinha para a Grã-Bretanha grande valor estratégico, desde que os seus  territórios atlânticos não caíssem nas mãos de potências hostis.

1913
9 de Janeiro - Tomada de posse do 1.º governo Afonso Costa, formado unicamente por membros do partido democrático.24 de Janeiro - A organização da Cruz Vermelha Portuguesa é aprovada.
21 de Fevereiro - Confirmam-se as suspeitas de existência de negociações, entre a Grã-Bretanha e a Alemanha, sobre a remodelação do tratado anglo-alemão de 30 de Agosto de 1898, que de facto tratava da partilha das colónias portuguesas.
5 de Março - Lisboa informa os embaixadores de Paris e de Berlim da sua adesão ao Acordo Franco-Alemão de 4 de Novembro de 1911, que pôs fim à segunda crise marroquina.
Abril - Reunião do 2.º Congresso dos Operários Agrícolas, em Évora.
27 de Abril - Tentativa revolucionária contra o primeiro governo presidido por Afonso Costa. É a primeira vez que republicanos participam num golpe contra um governo republicano.
28 de Abril - A publicação de vários jornais de Lisboa é suspensa.
10 de Junho - Lançamento de bombas sobre o cortejo de homenagem a Camões, que era constituído fundamentalmente por crianças.
21 de Junho - Promulgação de uma lei que impõe a aplicação no novo sistema monetário aprovado em 1911.
30 de Junho - A lei orçamental autoriza o governo a criar a Faculdade de Ciências Económicas e Políticas, previsto na Constituição Universitária de 1911, com o nome de Faculdade de Estudos Sociais e de Direito. O seu primeiro director será Afonso Costa. Só em 1918 adoptará o nome de Faculdade de Direito.
3 de Julho - O governo Afonso Costa retira o direito de voto aos chefes de família analfabetos. O sufrágio universal continua a não ser aplicado em Portugal, ao contrário de países como a Alemanha, Itália, Áustria, Montenegro, Suécia e Suiça. O número de eleitores continua igual ao existente no tempo da monarquia.
7 de Julho - Tentativa revolucionária radical com assalto ao Quartel de Marinheiros. É criado o Ministério da Instrução Pública.
10 de Julho - O governo corta as relações com o Vaticano e fecha a embaixada de Portugal junto da Santa Sé.
20 de Julho - Tentativas monárquicas de assalto a vários quartéis de Lisboa, contra os quais foram arremessadas bombas explosivas.
31 de Julho - Por meio de um ofício secreto, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Edward Grey, informa o seu embaixador em Portugal, Arthur Hardinge, de que o governo da Grã-Bretanha «opor-se-ia à intervenção de qualquer outra potência excepto a Espanha» nos assuntos portugueses.
8 de Agosto - 1.º Congresso do Partido Evolucionista.
13 de Agosto - É rubricado, com vista a posterior assinatura e ratificação, um novo Acordo Anglo-Alemão, que não só renovava as cláusulas do acordo de 1898 sobre as colónias portuguesas, acordo realizado no âmbito do pedido de empréstimo português após a bancarrota, mas também estabelecia uma nova partilha territorial, assim como alargava os fundamentos de intervenção.
23 de Agosto - Promulgação do novo Código Administrativo.
14 de Outubro - O jornal O Dia publica, reproduzindo o Daily Telegraph londrino, as supostas bases do acordo franco-espanhol de Cartagena em que a França permitiria que a Espanha de Afonso XIII, de acordo com uma hipotética base VIII, pudesse reclamar uma intervenção directa em Portugal, motivada pela progressão da anarquia política no país. 
20 de Outubro - Nova tentativa de revolução monárquica levada a cabo por civis e liderada por João de Azevedo Coutinho.
- O texto definitivo do Acordo Anglo-Alemão de Agosto de 1913 é rubricado. O desmembramento e partilha das colónias portuguesas torna-se uma ameaça cada vez mais real.
16 de Novembro - Eleições suplementares para o Parlamento, com vitória do Partido Democrático que obtêm a maioria absoluta na Câmara dos Deputados.
9 de Dezembro - O ministro dos negócios estrangeiros alemão, fazendo no Reichtag o discurso anual sobre política externa, torna pública a existência de negociações com a Grã-Bretanha sobre as colónias portuguesas e prevê o êxito das mesmas.
16 de Dezembro - O embaixador português em Londres, Teixeira Gomes, consegue que o governo britânico se comprometa a não assinar o acordo anglo-alemão sem o requisito prévio da sua publicação. O que não interessava ao governo alemão.

1914
26 de Janeiro - Realiza-se uma manifestação a favor de Afonso Costa, assim como uma contra-manifestação promovida por Machados Santos.9 de Fevereiro - O governo chefiado por Bernardino Machado toma posse, tentando ser um governo de reconciliação nacional. Propõem-se rever a lei da separação entre o Estado e a Igreja.
10 de Fevereiro - O embaixador francês em Londres, Paul Cambon, faz notar à Grã-Bretanha que a publicação do acordo anglo-alemão de Outubro de 1913 sobre as colónias portuguesas, tornava significativa a aproximação anglo-alemã, o que implicava o enfraquecimento da «Entente Cordiale» entre Paris e Londres.
22 de Fevereiro - Amnistia para os monárquicos, em que se inclui o bispo do Porto, punido por ter desobedecido à proibição de de ler nas missas a pastoral de Fevereiro de 1911.
14 de Março - Criação da União Operária Nacional, no decurso do Congresso Operário realizado em Tomar.
8 de Abril - Criação da Junta Central do Integralismo Lusitano, que publica um manifesto no primeiro número da revista Nação Portuguesa.
23 de Junho - 2.º governo dirigido por Bernardino Machado. Governo extrapartidário tendo por principal função a marcação e organização das eleições parlamentares.
28 de Junho - O arquiduque Francisco Fernando, herdeiro presuntivo do imperador austro-húngaro Francisco José, é assassinado em Sarajevo, capital da província da Bósnia-Herzegovina, por revolucionários sérvios..
- Discute-se no parlamento português o orçamento do ministério da Guerra. O ministro confidencia a um dos deputados, sobre o que o exército tinha ou não tinha para assegurar a defesa nacional: «Não digo que tem pouco, digo que não tem nada».
28 de Julho - A Alemanha acede a assinar o Acordo Anglo-Alemão sobre as colónias portuguesas nos termos pretendidos pela Grã-Bretanha.
- A Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia. A Rússia mobiliza, dando início às movimentações que levarão ao desencadear em 4 de Agosto da Primeira Guerra Mundial.
1 de Agosto - A Alemanha declara a guerra à Rússia. - A França ordena a mobilização geral dos exércitos.
3 de Agosto - A Alemanha declara a guerra à França, e invade o Luxemburgo e a Bélgica.
- O governo britânico entrega uma carta ao embaixador de Portugal em Londres, instando junto do «Governo português para se abster, por agora, de publicar qualquer declaração de neutralidade».
- Uma multidão junta-se à porta do Banco de Portugal, para trocar as notas por metal, provocando uma crise financeira temporária. O montante das trocas diárias vai diminuindo ao longo dos dias seguintes.4 de Agosto - A Grã-Bretanha declara a guerra à Alemanha, devido à violação do Tratado de 1831 que declarava a Bélgica território neutral perpetuamente.
- O governo britânico informa oficialmente o governo português, por intermédio do seu embaixador em Lisboa, que «em caso de ataque da Alemanha contra qualquer possessão portuguesa, o Governo de Sua Majestade considerar-se-á ligado por estipulações da aliança anglo-portuguesa».
7 de Agosto - Devido ao deflagrar da 1.ª Guerra Mundial, o Congresso da República, reunido extraordinariamente aprova um documento de intenções sobre a condução da política externa. Afirma-se que Portugal não faltaria aos seus compromissos internacionais, sobretudo no que diz respeito à Aliança Luso-Britânica.12 de Agosto - É decidida a organização de uma expedição militar com destino a Angola e a Moçambique.
- É assinado o Tratado de Comércio e Navegação Luso-Britânico.
- A França e a Grã-Bretanha declaram a guerra à Áustria-Hungria.
- O Japão declara a guerra à Alemanha.18 de Agosto - É decidida a organização de uma expedição militar com destino a Angola e a Moçambique
25 de Agosto - Em Moçambique dá-se o primeiro incidente de fronteira, com o ataque alemão ao posto fronteiriço de Maziúa, na fronteira do Rovuma, tendo sido morto o chefe do posto e sendo incendiado o posto e as palhotas vizinhas.
11 de Setembro - Partida de Lisboa de uma expedição militar, comandada pelo tenente-coronel Alves Roçadas, com destino a Angola. 
- Partida de um corpo expedicionário para Moçambique. O posto fronteiriço de Mazúa, na fronteira de Moçambique com a África Oriental Alemã (actual Tânzania) tinha sido novamente atacado.
18 de Setembro - Tumultos e assaltos a lojas em Lisboa e no Porto,  devido ao aumento do custo de vida.1 de Outubro - As forças expedicionárias do comando de Alves Roçadas desembarcam em Moçamedes, no Sul de Angola. A força era composta de 1 batalhão de infantaria, 1 pelotão de metralhadoras, 1 bateria de artilharia e 1 esquadrão de cavalaria.
10 de Outubro - O governo britânico, invocando a antiga aliança, «formalmente convida o Governo Português a deixar a sua atitude de neutralidade, e enfileirar activamente ao lado da Grã-Bretanha e dos seus aliados.»
19 de Outubro - Partida de uma missão militar, composta pelos capitães Ivens Ferraz, Fernando Freiria e Azambuja Martins para conferenciar com o estado-maior britânico.
- Incidente de fronteira em Naulila, no sul de Angola. São mortos três alemães, parte de uma missão, que tinha entrado na província sem autorização, e acampado na margem esquerda do Cunene, mas já no território da província.
20 de Outubro - Movimentos revolucionários monárquicos em Mafra e Bragança. Declaram-se contra a participação de Portugal na Guerra.
- O Partido Socialista promove uma manifestação de apoio ao Aliados.
22 de Outubro - As forças expedicionárias de Alves Roçadas e forças provinciais acabam a sua concentração em Lubango, no planalto de Moçamedes, preparando a defesa do sul de Angola contra quaisquer investidas de tropas vinda da África Alemã do Sudoeste.
30 de Outubro - Massacre de Cuangar. O posto português de Cuangar, na margem esquerda do rio Cubango, no Sul de Angola, é atacado por alemães armados de metralhadoras. São mortos dois oficiais, um sargento, cinco soldados europeus e treze africanos, o comerciante Sousa Machado e uma mulher, num total de 22 pessoas.
31 de Outubro - Alves Roçadas determina a organização das chamadas Forças em operações ao Sul de Angola, com as forças expedicionárias e forças da província.
1 de Novembro - A primeira expedição portuguesa para Moçambique desembarca em Porto Amélia, no norte da colónia. Era composta por 1 batalhão, 1 bateria e 1 esquadrão.
5 de Novembro - Forças militares de reforço da guarnição portuguesa em Angola partem de Lisboa, comandadas pelo capitão-tenente Coriolano da Costa, devido a incidentes graves com tropas alemãs na fronteira.
17 de Novembro - É proibida a subida ao palco de uma revista, no Teatro da Rua dos Condes, por dar um quadro pouco abonatório do exército português.
23 de Novembro - Reunião extraordinária do Congresso da República em que o governo é autorizado a participar na guerra ao lado da Grã-Bretanha, e a ceder desde logo 20.000 espingardas com 600 cartuchos cada uma e 56 peças de artilharia pedidas pelo governo britânico.
12 de Dezembro - Ministério dos «Miseráveis», presidido por Vítor Hugo de Azevedo Coutinho. Só sobreviveu até 25 de Janeiro do ano seguinte.
12 e 13 de Dezembro - Encontros entre patrulhas portuguesas e alemãs, no Sul de Angola, com troca de tiros.
17 de Dezembro - Forças alemãs, sob o comando do major Frank, acampam nas margens do Cunene.
18 de Dezembro - Combate de Naulila. As forças alemãs atacam as portuguesas obrigando-as a retirar, em direcção a Humbe, no Sul de Angola. Morrem 3 oficiais e 66 sargentos e soldados.
19 de Dezembro - As forças portuguesas abandonam Humbe, depois do paiol do Forte Roçadas ter explodido. Retiram mais para norte, para Gambos, com intenção de defender Lubango, no Sul de Angola.
- Motivados pelos combates entre forças europeias, as populações africanas da Huíla, no Sul de Angola, revoltam-se. São dirigidas pelo soba Mandume, da terra Cuanhama.

1915
15 de Janeiro - O presidente da república, Manuel de Arriaga, reúne os principais dirigentes políticos para ouvir a sua opinião sobre a política seguida pelo Partido Democrático, de Afonso Costa, de empurrar Portugal para a guerra.20 e 21 de Janeiro - «Movimento das Espadas». A maior parte dos oficiais da guarnição de Lisboa, chefiados por Machado Santos e Pimenta de Castro,  protesta por considerar que a demissão de um seu colega, o major João Craveiro Lopes, foi efectuada por motivos políticos. 
20 e 21 de Janeiro - «Movimento das Espadas». A maior parte dos oficiais da guarnição de Lisboa,
23 de Janeiro - Aprovação do Tratado de Comércio e Navegação entre Portugal e a Grã-Bretanha.
25 de Janeiro - O presidente da república, Manuel de Arriaga, demite o governo do partido  democrático e encarrega, em ditadura, isto é, sem que o Congresso tivesse em sessão, o general Pimenta de Castro de formar um novo governo com intenção de preparar eleições. A participação dos militares nos assuntos políticos torna-se cada vez maior. 
3 de Fevereiro - Mais expedições militares partem para Angola, para fazer frente aos ataques constantes das forças alemãs.
7 de Fevereiro - É sagrado bispo do Funchal, D. António Manuel Pereira Ribeiro, a primeira sagração episcopal da República.
3 de Março - O aumento do preço do pão provoca assaltos às padarias e tumultos um pouco por todo o país.
4 de Março - Os deputados do Partido Democrático de Afonso Costa são proibidos de entrar no Parlamento. Os deputados e senadores democráticos reunidos em Loures, no Palácio da Mitra, aprovam uma moção declarando o ministério fora-da-lei.
20 de Abril - Amnistia para todos os presos políticos.
22 de Abril - Os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa são intimados a ceder o lugar à Comissão Administrativa nomeado pelo governo. São presos por terem recusados.
23 de Abril - São demitidas pelo governo várias câmaras municpais do País, sendo substituídas por comissões administrativas.
10 de Maio - Grandes manifestações republicanas em Lisboa.
14 de Maio - Em Lisboa, grupos tumultuosos de pessoas assaltam armazéns e padarias à procura de comida. Aproveitando a situação republicanos civis e militares levam a efeito um movimento revolucionário que provoca centenas de mortos e feridos.
15 de Maio - O governo ditatorial de Pimenta de Castro é demitido, sendo nomeado João Chagas para formar o novo ministério. O general Norton de Matos é escolhido para ministro da Guerra.
17 de Maio - Devido a um atentado no Entroncamento à vida de João Chagas, que fica gravemente ferido e cego de um olho, José Ribeiro de Castro é nomeado chefe do governo.
29 de Maio - Teófilo Braga é nomeado presidente da república interino, devido à demissão no dia 15 de Maio de Manuel de Arriaga.
13 de Junho - O Partido Democrático ganha as eleições legislativas, obtendo a maioria absoluta.
1 de Julho - Nova Lei Eleitoral. Os militares no activo passam a ter direito de voto. Os analfabetos continuam a não poder votar.
3 de Julho - Afonso Costa sofre um traumatismo craniano quando se atira para fora de um eléctrico devido ao medo de um atentado bombista.
4 de Agosto - O governo é autorizado a contrair dois empréstimos, destinados a fazer face ao aumento das despesas com as forças expedicionárias enviadas para as colónias.
6 de Agosto - Bernardino Machado é eleito Presidente da República.
29 de Novembro - Afonso Costa, restabelecido de uma fractura do crânio, é nomeado chefe do governo, constituído unicamente por membros do Partido Democrático.

1916
17 de Fevereiro - O governo português recebe um pedido do governo britânico «em nome da aliança» de «requisição urgente de todos os barcos inimigos estacionados em portos portugueses».23 de Fevereiro - Portugal apreende todos os navios mercantes alemães fundeados nos Portos portugueses, a fim de serem colocados ao serviço da causa comum luso-britânica, numa operação dirigida pelo capitão de fragata Leote do Rego, comandante da Divisão Naval de Defesa.
9 de Março -  A Alemanha declara a guerra a Portugal. 
15 de Março - Constituí-se o chamado governo de «União Sagrada», em que Afonso Costa cede o seu lugar de presidente do governo e cede o seu lugar a António José de Almeida. 
16 de Março - É criado o Ministério do Trabalho.
25 de Março - O ministro da Guerra, general Norton de Matos, publica uma Ordem do Exército, esclarecendo a situação de guerra. 
28 de Março - Todas as publicações, periódicas ou não, são obrigados à censura prévia enquanto durar a guerra. Várias organizações sindicais que se manifestaram contra a entrada de Portugal na guerra são dissolvidas.
20 de Abril - É decidida a censura à correspondência enviada para países estrangeiros e para as colónias, e da recebida destas. 
9 de Junho - Afonso Costa, ministro das finanças, e Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, partem para Paris para participar na Conferência Económica dos Aliados. Nessa reunião considera-se como condição preliminar e sine qua non de paz a restituição dos territórios indevidamente ocupados pela Alemanha: Alsácia e Lorena à França, em 1871, e Quionga, Moçambique, em 1894, a Portugal. 
15 de Junho - O governo britânico convida formalmente Portugal a tomar parte activa nas operações militares dos aliados.
22 de Julho - É constituído, em Tancos, sob o comando do general Norton de Matos, o Corpo Expedicionário Português (CEP), formado por 30 mil homens.
7 de Agosto - O Parlamento português aceita a participação de Portugal na Guerra de acordo com o convite formal do governo britânico de 15 de Junho.
31 de Agosto - É votada a pena de morte em situação de guerra.
Dezembro - O chefe do Estado-maior do CEP, major Roberto Baptista, parte para França, acompanhado de outros oficiais do Estado-maior para preparar a recepção das tropas portuguesas.
13 de Dezembro - Machado Santos faz, em Tomar, uma tentativa revolucionária, malograda. É decidido o estado de sítio e presas várias personalidades.
26 de Dezembro - O governo francês manifesta ao governo português o desejo, de que fosse enviado para França pessoal de artilharia necessário para guarnecer 20 a 30 baterias de artilharia pesada francesa.

1917
3 de Janeiro - Convenção com a Grã-Bretanha para regulamentação da nossa participação na frente europeia. O CEP ficará subordinado ao BEF (British Expeditionary Force).
7 de Janeiro - O governo francês dá o seu acordo à proposta portuguesa que, em resposta ao seu pedido de 26 de Dezembro, propõe disponibilizar pessoal de artilharia necessário para 25 baterias de artilharia pesada, sob um Comando Superior Português. Tem assim origem o Corpo de Artilharia Independente (CAPI).
17 de Janeiro - O CEP é mandado organizar, como uma Divisão de Infantaria reforçada.
30 de Janeiro - A 1.ª Brigada do CEP, do comando do general Gomes da Costa sai do Tejo a bordo de três vapores britânicos.
2 de Fevereiro - As primeiras tropas portuguesas chegam a Brest, porto na Bretanha, onde desembarcam.
8 de Fevereiro - As tropas portuguesas chegam à zona de Thérouane, na Flandres francesa, que será o local de concentração da divisão do CEP.
12 de Fevereiro - O general Tamagnini de Abreu e Silva, comandante do CEP, propõe a elevação da Divisão a Corpo de Exército.
20 de Fevereiro - A proposta do general Tamagnini de reorganizar o CEP enquanto Corpo de Exército é aceite.
23 de Fevereiro - Parte para França o segundo contingente do CEP.
26 de Fevereiro - A iluminação pública em Lisboa é diminuída, para poupar energia.
5 de Março - Manuel Arriaga, o primeiro presidente da República, morre em Lisboa.
4 de Abril - As primeiras tropas portuguesas entram nas trincheiras. É morto o primeiro soldado português em combate, António Gonçalves Curado.
6 de Abril - A Escola de Morteiros de Trincheira do CEP é organizada.
- Os Estados Unidos da América declaram a guerra à Alemanha.
20 de Abril - O CEP, a concentrar-se no Norte de França, é reorganizado enquanto Corpo de Exército.
25 de Abril - Constituição do terceiro governo presidido por Afonso Costa, devido ao fim do ministério da União Sagrada, provocado pela saída dos evolucionistas..
7 de Maio - A Escola de Gás do CEP, em Mametz, começa a funcionar.
13 de Maio - Primeira aparição em Fátima de Nossa Senhora aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta.
17 de Maio - É assinada a «Convenção militar para o emprego das forças portuguesas de artilharia pesada na linha francesa de operações em França». O CAPI será organizado com pessoal de 10 baterias, sob o comando do coronel João Clímaco Pereira Homem Teles.
19 a 21 de Maio - Greves, motins e assaltos a mercearias e armazéns de Lisboa e arredores, assim como no Porto, devido à carestia de vida, provocada pelo racionamento, que provocaram uma repressão feroz por parte do governo de Afonso Costa. No Porto as vítimas ascenderam a vinte e duas.
21 de Maio - O general Norton de Matos, ministro da Guerra, chega a Londres, para regular com o governo britânico a disponibilização de navios para transporte dos reforços militares para o CEP.
30 de Maio - A 1.ª brigada de infantaria, da 1.ª divisão do CEP, ocupa um sector na frente de batalha.
4 de Junho - Primeiro ataque alemão ao sector defendido pela 1.ª brigada portuguesa.
16 de Junho - A 2.ª brigada de infantaria ocupa o seu sector na frente de batalha.
1 de Julho - 6.º Congresso do Partido Democrático. Afonso Costa é reeleito membro do Directório.
7 de Julho - Os comandantes portugueses do CEP encontram-se com o rei Jorge V de Inglaterra, em Fauquembergues.
10 de Julho - A 1.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na linha da frente. Estará subordinada ao XI Corpo de Exército britânico comandado pelo general Haking.
A 3.ª brigada de infantaria ocupa um sector da frente de batalha.

12 de Julho - Devido às greves constantes é declarado o estado de sítio em Lisboa e concelhos limítrofes.
31 de Julho - Terceira batalha de Ypres. O 2.º Exército britânico começa uma ofensiva na zona de Ypres, na Flandres belga, a norte do sector português da frente. A cidade de Passchendaele será tomada por forças canadianas em Novembro. O objectivo de conquistar a zona costeira da Bélgica, de maneira a diminuir a intensidade da guerra submarina alemã, não foi atingido.
10 de Setembro - É estabelecida a censura militar aos filmes que façam alusão à guerra.
14 de Setembro - O alferes miliciano Gomes Teixeira, à frente do seu pelotão, realiza o aprisionamento de quatro soldados alemães; o primeiro realizado por tropas portuguesas na frente ocidental.
23 de Setembro - A 4.ª brigada de infantaria (a «Brigada do Minho»), parte da 2.ª divisão, entra em sector na linha da frente.
11 de Outubro - Bernardino Machado, presidente da República, chega à zona de concentração do CEP em visita às tropas na frente. É acompanhado de Afonso Costa, presidente do Conselho e ministro das Finanças, e de Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros. A estadia irá prolongar-se até 15 de Outubro.
13 de Outubro - Cerimónia de entrega das primeiras Cruzes de Guerra ao CEP. Serão condecorados 10 oficiais, 8 sargentos e 27 cabos e soldados.
17 de Outubro - O primeiro contingente do CAPI, que representa o apoio directo de Portugal ao esforço de guerra francês, chega à sua zona de concentração em França. Passará a ser designado por «Corps d'Artillerie Lourde Portugais» (CALP).
20 de Outubro - O Partido Centrista Republicano é criado, juntando dissidentes do Partido Evolucionista e de membros da dissidência do antigo Partido Progressista monárquico.
21 de Outubro - Eleições complementares em Lisboa. Participam somente 15% dos eleitores.
25 de Outubro O presidente da República, Bernardino Machado, chega a Lisboa, após a sua visita às tropas portuguesas em França.

28 de Outubro - O último dos navios de transporte britânicos, dos sete iniciais, é retirado do serviço do CEP. Os quadros do corpo expedicionário não serão completados, e no futuro não serão substituídos.
1 de Novembro O Grupo de Esquadrões de Cavalaria do CEP é extinto, sendo convertido em Grupo de Companhias Ciclistas.

5 de Novembro - O Comando do CEP assume a responsabilidade da defesa do Sector Português na frente. Estava subordinado ao 1.º Exército britânico, comandado pelo general Horne.
7 de Novembro - Revolução Bolchevique, de «Outubro» de acordo com o calendário juliano, atrasado 10 dias em relação ao gregoriano, usado em quase todo o mundo. Os «bolcheviques», grupo dissidente do Partido Social-Democrata Russo, tomam o poder, derrubando a República democrática.
26 de Novembro - A 2.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na frente.
5 de Dezembro - Sidónio Pais, embaixador de Portugal em Berlim de 1912 a 1916, na altura professor da escola de Guerra ( actual Academia Militar ), e major, chefia uma revolução que o levará ao poder três dias depois. O movimento e a situação política que criou será conhecido pelo «Dezembrismo», e teve o apoio do Partido Unionista.
- Armísiticio Russo-Alemão de Brest-Litovsk.
8 de Dezembro - Afonso Costa, presidente do conselho de ministros, é preso.
9 de Dezembro - O Congresso (Parlamento) é dissolvido.
12 de Dezembro - O Presidente da República, Bernardino Machado, é destituído.
1918

6 de Janeiro - Tentativa de acção contra-revolucionária levada a cabo por marinheiros da Armada.

10 de Janeiro - Todos os órgãos de administração regional - Juntas Gerais de Distrito, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, - são dissovidos, nomeando-se comissões em sua substitução.
15 de Janeiro - O segundo contingente do CAPI desembarca em França. O comando do corpo é entregue ao tenente-coronel Tristão da Câmara Pestana.
23 de Fevereiro - Alteração da Lei da Separação entre o Estado e a Igreja, com restituição ao clero dos seus poderes em relação ao culto.
2 de Março - Sidónio Pais assiste à Missa na Sé de Lisboa.
3 de Março - Assinatura do tratado de Brest-Litovsk entre a Alemanha e a Rússia soviética. A Rússia abandona a guerra.
9 de Março - É criado o Ministério da Agricultura, considerado um sector prioritário pelo Sidonismo.
11 de Março - O sufrágio universal é instituído, pela primeira vez, em Portugal, cumprindo-se um dos principais pontos do programa republicano durante a monarquia, e que os partidos republicanos se recusaram sempre a cumprir.
16 de Março - A 1.ª bateria do 1.º grupo de artilharia do CAPI entra em acção.
19 de Março - É decidido a transferência do CAPI para o CEP. A transferência não se efectuará devido à ofensiva alemã de 21 de Março.
21 de Março - Começo da ofensiva alemã na Frente Ocidental, conhecida por «Kaiserschlacht». .
22 de Março - Decreto que decide a rendição do pessoal em serviço no CEP.
27 de Março - O CEP deveria ter começado a ser rendido. A ofensiva alemã no Somme impede a rendição.
Abril - Congresso da União Republicana.
6 de Abril - É aprovada a reorganização do CEP. A 2.ª divisão, reforçada, tomaria conta do sector português. O CEP deixaria de existir. A 1.ª divisão deveria ser enviada para reserva, e a 2.ª divisão ficaria subordinada ao 11.º corpo de Exército britânico, sob as ordens do general britânico Hacking. A visita deste às tropas portuguesas decidiu-o a também retirar a 2.ª divisão da linha da frente. A ordem deveria ser posta em prática no dia 9 de Abril.
9 de Abril - A batalha do Lys começa, com uma prolongada barragem de artilharia alemã. A 2.ª divisão do CEP é destruída no decurso da batalha.
10 de Abril - O antigo CAPI dirige-se para o porto francês do Havre, para embarcar para a Grã-Bretanha, para receber instrução. Três baterias ficam à disposição do exército francês.
13 de Abril - A 1.ª e 2.ª brigadas de infantaria retiram para a nova linha de defesa em construção entre Lilliers e Stennberg.
28 de Abril - Eleições presidenciais, por sufrágio directo e universal, sendo Sidónio Pais o único candidato, e legislativas.
8 de Maio - A Biblioteca Nacional torna-se a depositária única legal de todas as publicações impressas.
27 de Maio - Ataque alemão ao sector francês da frente, em frente de Paris.
6 de Junho - A 6.ª divisão americana contra-ataca o exército alemão. É a primeira intervenção de uma unidade americana na frente ocidental.
Julho - O general Tomás António Garcia Rosado é nomeado comandante do CEP, em substituição do general Tamagnini.
4 de Julho - A 1.ª Divisão do CEP passa a estar subordinada ao 5.º Exército britânico, comandado pelo general Birdwood.
10 de Julho - Reatamento das relações diplomáticas de Portugal com a Santa Sé.
12 de Julho - O ensino primário passa torna-se responsabilidade do governo, terminando a experiência de descentralização.
14 de Julho - O governo é autorizado a contrair um empréstimo para criação de escolas de instrução priméria, integrando cantinas para alimentação dos alunos, que será gratuita para os pobres.
15 de Julho - «Ofensiva da Paz». O exército alemão ataca em direcção a Paris.
18 de Julho - Criação da organização católica Cruzada Nun'Álvares, com intenção de federar a direita portuguesa não republicna.
- Segunda Batalha do Marne. O exército alemão recua em frente de Paris.
3 de Agosto - Debate no Parlamento sobre o Problema Religiosos, que provocou grande agitação, e o seu encerramento três dias depois.
8 de Agosto - Os exércitos aliados retomam a ofensiva. O 4.º exército britânico ataca o sector alemão em frente de Amiens. Segundo o general Ludendorff é «o dia mais negro do exército alemão».
8 de Setembro - Começo da distribuição de senhas de racionamento e de cartas de consumo.
14 de Setembro - Os comícios organizados pela União Operária Nacional contra a carestia de vida, são proibidos.
29 de Setembro - A Bulgária assina um armistício com os Aliados e abandona a Guerra.
12 e 13 de Outubro - Tentativa revolucionária em diversas localidades do país. É declarado o estado de emergência pelo governo, que consegue controlar a situação.
14 de Outubro - O draga-minas Augusto de Castilho, comandando pelo comandante Carvalho Araújo é torpedeado por um submarino alemão.
- A Turquia, derrotada na Mesopotâmia (actual Iraque) e na Palestina, abandona a guerra.
16 de Outubro - «A Leva da Morte». O transporte de um grupo de presos, em Lisboa, provoca um tiroteio que leva à morte de algumas pessoas.
29 de Outubro - A República da Checoslováquia é proclamada em Praga. A Hungria proclama a sua separação do Império Austro-Húngaro.
3 de Novembro - É declarado o cessar-fogo com as forças armadas austro-húngaras.
9 de Novembro - Guilherme II, Imperador alemão, abdica.
11 de Novembro - O Armistício proposto pelos aliados é aceite pela Alemanha..
12 de Novembro - Tentativa de Greve Geral convocada pela União Operária Nacional.
23 de Novembro - Chegam a Lisboa, vindas da Grã-Bretanha, as primeiras tropas do antigo Corpo Expedicionário Português.
3 de Dezembro - As Câmaras do Congresso reúnem-se para comemorar a assinatura do Armistício. Cunha Leal, na Câmara dos Deputados, e Machado dos Santos, no Senado, criticam a política do Sidonismo em relação à participação de Portugal na guerra.
5 de Dezembro - Atentado contra Sidónio Pais por um membro do Partido Democrático, de que o presidente da república sai ileso.
9 de Dezembro - Parte para Cherburgo, porto de embarque, o primeiro contingente de tropas do CEP, estacionadas em França, que regressam a Portugal.
14 de Dezembro - Sidónio Pais é assassinado em Lisboa, na Estação do Rossio, baleado por um sargento do exército.
16 de Dezembro - Canto e Castro é eleito presidente da República, pelas duas câmaras do Congresso.
1919

3 de Janeiro - Manifesto da Junta Militar do Norte, do Porto, que se assume como representante do sidonismo.
12 de Janeiro - Movimento revolucionário, de cariz republicano, em Santarém que leva a confrontos com o exército durante alguns dias.
18 de Janeiro - Inicia-se a Conferência de Paz, em Versalhes, França. A delegação portuguesa é chefiada por Egas Moniz.
19 de Janeiro - A Monarquia é proclamada em Lisboa e no Porto. Organiza-se uma Junta Governativa do Reino dirigida por Paiva Couceiro, que declara o estado de sítio em todo o território continental. O movimento ficará conhecido por «Monarquia do Norte».
20 de Janeiro - Manifestações em Lisboa de apoio à República. Organização de Batalhões de Voluntários para combaterem a insurreição monárquica do Norte.
13 de Fevereiro - As forças republicanas ocupam o Porto, depois de terem avançado pelo litoral centro, de Lisboa até ao Porto.
6 de Março - O governo é autorizado a contrair um empréstimo para a construção de bairros operários na margem sul do Tejo.


Página anterior:
«Do Ultimato à República» Página de entrada:  
«Cronologia do Liberalismo» Página seguinte: 
«A República - de 1919 a 1926» 
Fontes principais:
Anuário do Centro de Estudos do Pensamento Político, do ISCSP
sob a direcção de José Adelino Maltez
Rodrigues, António Simões (coord.)
História de Portugal em Datas,
3.ª ed., Lisboa, Temas e Debates, 2000 (1.ª ed., 1997)
Pires, António Machado
O Século XIX em Portugal. Cronologia e Quadro de Gerações,
Lisboa, Livraria Bertrand, 1975
Serrão, Joel
Cronologia Geral da História de Portugal,Lisboa, 4.ª ed., Livros Horizonte, 1980 (1.ª ed., 1971)
A. Duarte de Almeida (dir.)
Regímen Republicano - Documentário, 1910-1934,
Lisboa, Romano Torres («Portugal Histórico, n.º12)», s.d.
A ver também: