Vale e Azevedo era Jonathan Vale
Bruno Manteigas, da Agência Lusa
Jonathan Vale era como João Vale e Azevedo se apresentava junto de possíveis investidores ingleses na sua empresa, que foi considerada falida esta quarta-feira por um tribunal britânico.
Abigail Wright considera-se vítima de burla por ter acreditado em Vale e Azevedo e investido 50 mil libras (cerca de 56 mil euros) na V&A Capital Limited.
Segundo esta designer de interiores, Jonathan Vale, como o ex-presidente do Benfica se intitulava, prometeu 50 por cento de retorno garantido ao fim de 120 dias.
Na melhor das hipóteses, o ganho podia ir até aos 117 por cento, contou hoje à Agência Lusa, mostrando o contrato que assinou em Fevereiro de 2008.
"Ele disse-me que esta era uma oportunidade que só aparece uma vez em cinco anos", relata.
O investimento seria feito num negócio com uma empresa de biotecnologia. Abigail, tendo confirmado que a V&A Capital Limited tinha as contas regularizadas junto do Registo Comercial, não hesitou.
Em troca de três tranches de 29 mil, 10 mil e 11 mil libras, recebeu 50 mil acções da V&A Capital Limited, que na sua página de Internet afirma possuir à sua disposição fundos no valor de 1,2 mil milhões de libras.
A V&A Capital é descrita no seu site como uma sociedade de investimento de capitais privados com interesses na indústria do açúcar, adoçantes de cereais e amidos e em especial na produção e comercialização do etanol como uma nova fonte de energia não-poluente.
Mas hoje Abigail Wright está convencida que isto é falso e arrepende-se de ter confiado em Azevedo e teme que as suas poupanças estejam perdidas, depois de o Tribunal Comercial britânico ter declarado a sua falência.
O pedido de insolvência, iniciado pela Finurba Corporate Finance (FCF), subsidiária do grupo português Finurba, foi subscrito por credores de uma dívida total superior a quatro milhões de euros.
Um deles é o presidente do partido político angolano Unita, Isaías Samakuva, que reclama um milhão de dólares (825 mil euros) à V&A Capital.
Numa carta incluída no pedido de insolvência à empresa de Vale e Azevedo, Samakuva conta que pagou este valor convencido de que seria devolvido e que a V&A Capital iria investir 50 milhões de dólares em Angola na produção de bio-combustível.
O dirigente angolano, em nome do qual a V&A Capital emitiu 500 mil acções, segundo a lista de accionistas disponibilizada no início de Abril, alega ter sido vítima de um "golpe de confiança" por Azevedo e por David Gibbons, o outro director da companhia.
"O sr. Azevedo e o sr. Gibbons cometeram um crime de fraude sobre a Unita", denuncia na mesma carta.
Até fim de 2007, a V&A Capital Limited só possuía accionistas com residência em Portugal, mas na lista disponibilizada no início de Abril estão investidores com morada na Suíça, Alemanha, Itália, França e Reino Unido.
Neste espaço, o número de acções aumentou também, de 24.802.968 para 22.432968, com um preço unitário de uma libra.
Ou seja, de acordo com estes números, no último ano a companhia terá recebido capitais no valor de 2,37 milhões de libras (2,66 milhões de euros), entre os quais as 50 mil libras de Abigail Wright.
Todavia, esta designer de interiores está consciente que o seu caso não é tão grave como o de outras pessoas que investiram todas as suas poupanças na empresa.
"Ainda vai demorar alguns anos, mas eu sei que ainda posso ganhar 50 mil libras, mas há pessoas que estão desesperadas", confiou à Lusa.
Questionado hoje pela Agência Lusa, Vale e Azevedo recusou fazer comentários.
João Vale e Azevedo continua sob termo de identidade e residência, sem passaporte nem autorização para viajar para o estrangeiro, enquanto aguarda o resultado do recurso a um pedido de extradição para Portugal.
Um tribunal de primeira instância inglês deu provimento ao pedido de extradição a 27 de Novembro de 2008, mas Azevedo recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça britânico, estando a audiência marcada para 13 de Maio.
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Bruno Manteigas, da Agência Lusa
Jonathan Vale era como João Vale e Azevedo se apresentava junto de possíveis investidores ingleses na sua empresa, que foi considerada falida esta quarta-feira por um tribunal britânico.
Abigail Wright considera-se vítima de burla por ter acreditado em Vale e Azevedo e investido 50 mil libras (cerca de 56 mil euros) na V&A Capital Limited.
Segundo esta designer de interiores, Jonathan Vale, como o ex-presidente do Benfica se intitulava, prometeu 50 por cento de retorno garantido ao fim de 120 dias.
Na melhor das hipóteses, o ganho podia ir até aos 117 por cento, contou hoje à Agência Lusa, mostrando o contrato que assinou em Fevereiro de 2008.
"Ele disse-me que esta era uma oportunidade que só aparece uma vez em cinco anos", relata.
O investimento seria feito num negócio com uma empresa de biotecnologia. Abigail, tendo confirmado que a V&A Capital Limited tinha as contas regularizadas junto do Registo Comercial, não hesitou.
Em troca de três tranches de 29 mil, 10 mil e 11 mil libras, recebeu 50 mil acções da V&A Capital Limited, que na sua página de Internet afirma possuir à sua disposição fundos no valor de 1,2 mil milhões de libras.
A V&A Capital é descrita no seu site como uma sociedade de investimento de capitais privados com interesses na indústria do açúcar, adoçantes de cereais e amidos e em especial na produção e comercialização do etanol como uma nova fonte de energia não-poluente.
Mas hoje Abigail Wright está convencida que isto é falso e arrepende-se de ter confiado em Azevedo e teme que as suas poupanças estejam perdidas, depois de o Tribunal Comercial britânico ter declarado a sua falência.
O pedido de insolvência, iniciado pela Finurba Corporate Finance (FCF), subsidiária do grupo português Finurba, foi subscrito por credores de uma dívida total superior a quatro milhões de euros.
Um deles é o presidente do partido político angolano Unita, Isaías Samakuva, que reclama um milhão de dólares (825 mil euros) à V&A Capital.
Numa carta incluída no pedido de insolvência à empresa de Vale e Azevedo, Samakuva conta que pagou este valor convencido de que seria devolvido e que a V&A Capital iria investir 50 milhões de dólares em Angola na produção de bio-combustível.
O dirigente angolano, em nome do qual a V&A Capital emitiu 500 mil acções, segundo a lista de accionistas disponibilizada no início de Abril, alega ter sido vítima de um "golpe de confiança" por Azevedo e por David Gibbons, o outro director da companhia.
"O sr. Azevedo e o sr. Gibbons cometeram um crime de fraude sobre a Unita", denuncia na mesma carta.
Até fim de 2007, a V&A Capital Limited só possuía accionistas com residência em Portugal, mas na lista disponibilizada no início de Abril estão investidores com morada na Suíça, Alemanha, Itália, França e Reino Unido.
Neste espaço, o número de acções aumentou também, de 24.802.968 para 22.432968, com um preço unitário de uma libra.
Ou seja, de acordo com estes números, no último ano a companhia terá recebido capitais no valor de 2,37 milhões de libras (2,66 milhões de euros), entre os quais as 50 mil libras de Abigail Wright.
Todavia, esta designer de interiores está consciente que o seu caso não é tão grave como o de outras pessoas que investiram todas as suas poupanças na empresa.
"Ainda vai demorar alguns anos, mas eu sei que ainda posso ganhar 50 mil libras, mas há pessoas que estão desesperadas", confiou à Lusa.
Questionado hoje pela Agência Lusa, Vale e Azevedo recusou fazer comentários.
João Vale e Azevedo continua sob termo de identidade e residência, sem passaporte nem autorização para viajar para o estrangeiro, enquanto aguarda o resultado do recurso a um pedido de extradição para Portugal.
Um tribunal de primeira instância inglês deu provimento ao pedido de extradição a 27 de Novembro de 2008, mas Azevedo recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça britânico, estando a audiência marcada para 13 de Maio.
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