Tenho em mim todos os sonhos do mundo "Apenas quem é desprezível pode ter medo de ser desprezado Fernando Pessoa
quarta-feira, março 01, 2017
sexta-feira, fevereiro 10, 2017
FRANÇOIS BOUCHER
1703 - 1770
|
The Triumph of Venus, 1740
Nationalmuseum, Stockholm, Sweden
|
The Triumph of Venus
François Boucher, 1740
A cena do quadro é encantadora, exuberante e descontraída, com seres aquáticos se divertindo.
Vênus, segundo a Mitologia, nasceu do mar. Ela paira sobre um dossel de madrepérola e estofados em seda rosa e cinza-pérola, onde é mantida por ventos e cupidos. Venus é assistida por náiades brancas e tritões bronzeados.
Deuses. golfinhos, tecidos, água e nuvens formam juntos um turbilhão que Boucher pintou em cores frias.
Tanto a composição quanto as cores pertencem ao estilo Rococó. O mar se funde a um céu azul-acinzentado e o horizonte não é facilmente distinguível.
|
Toilet of Venus, 1743
The Hermitage, St. Petersburg
|
Toilet of Venus
François Boucher, 1743
Boucher muitas vezes voltava-se para os temas típicos elegantes e geralmente superficiais do estilo Rococó, dos quais ele era um mestre prestigiado. Vênus aparece repetidas vezes em suas obras, e há uma série de telas como esta, mostrando a deusa da beleza em sua toalete. Tais assuntos permitiam que o artista criasse um desses trabalhos leves e frívolos pelos quais ele era tão famoso, com seu otimismo e alegria realçados pelo esquema de cores.
|
Self-portrait, The painter in his studio
Musée du Louvre - Paris, France
|
François Boucher
François Boucher (Paris, 29 de setembro de 1703) foi um pintor francês, talvez o maior artista decorativo do chamado setecento europeu.Embora tenha vivido num século dominado pelo Barroco, ia além desse estilo e identificava-se mais com o Rococó - estilo muitas vezes alvo de apreciações estéticas pejorativas. Foi seguramente um dos pintores que melhor soube interpretar o espírito do Rococó.
É muito conhecido por suas pinturas idílicas, plenas de volume e carisma, essas que vulgarmente recorriam a temas mitológicos e evocavam a Antiguidade Clássica, posta em voga por Rubens. Teve variados patronos, entre eles Madame de Pompadour, da qual pintou um célebre retrato, exibido hoje na "Alte Pinakothek" de Munique, na Baviera, Alemanha.
Aos dezessete anos ingressou no ateliê de François Lemoyne.Lemoyne e Antoine Watteauforam suas primeiras influências pictóricas. Todos se impressionavam com a técnica e o estilo vigoroso e brilhante do pintor, a quem, três anosmais tarde, foi concedido o prestigioso "Prêmio de Roma". Embora não conhecendo a Itália, o nome do artista já ecoava pela Europa mais eclética. Quatro anos após receber o estimado prêmio de incentivo a novos artistas ele vai finalmente para a Itália, onde tomou contacto direto com o Classicismo.
Em Roma começou a estudar e, curiosamente, tal como Peter Paul Rubens, empenhou-se no estudo minucioso dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina no Vaticano em particular, e das obras memoráveis que a Renascença havia deixado para trás.
De volta à França, em 1731, foi admitido na "Academia Real de Pintura e Escultura". Chegou mesmo a tornar-se reitor da dita Academia e diretor da "Real Confecção de Tapetes". O que lhe sucedeu foi que se tornou rapidamente um pintor da moda: em 1765, o Rei, contente com seus serviços, nomeou-o pintor da Corte e pintor da Câmara. A partir desse momento concebeu numerosas obras-primas em que retratava variados membros das cortes francesa e italiana, e até mesmo de famílias reais. Celebrizou o retrato da real amante, a Madame de Pompadour.
Além de pintar, Boucher concretizou figurinos para teatro e tapetes e ficou célebre como decorador. Ajudou na decoração dos palácios de Versailles, Fontainebleau e Chosy.
François Boucher morreu em 1770, em Paris.Ocupava então o cargo de primeiro pintor do rei Luiz XV da França. Pintou sobretudo cenas idílicas, povoadas por personagens mitológicos e pastores, geralmente em poses sensuais e quase desnudados.
|
Créditos:
Fontes (editadas):
Fundo Musical:
Trio de Oboés em Fá
Wolfgang Amadeus Mozart, *1756 +1791
Pesquisa, tradução e edição de texto, formatação:
Ida Aranha
Realização:
|
Pão nosso de cada dia (Our daily bread)
Há 3 zonas principais de consumo de cereais: milho nas Américas; arroz na Ásia; trigo na bacia mediterrânica e Próximo Oriente. O pão de trigo e outros cereais continuam a ser a base da alimentação dos povos das zonas referidas. Foram ou são regiões de escasso consumo de carne, além da fornecida por aves, peixe e porcos. Os elementos destas populações já foram conhecidos por 'macarroneros'.
There are three main areas of cereals’ consumption: maize in the Americas, rice in Asia and wheat in the Mediterranean basin and near east. Wheat bread and other cereals are still the staple diet of the peoples from the areas mentioned above. They were or are still areas of low consumption of meat, besides the one provided by poultry, fish, and pigs. People from these areas were once known as 'pasta eaters'.
Willem Claeszoon Heda (1594-1680)-'still life. Ham and silverware'-oil on wood-1649 Moscow-Pushkin Museum
Helen Mary Elizabeth Allingham (1848-1925)-'baking bread'
Ander Zorn (1860-1920)-'our daily bread'-oil on canvas-1886 Private collection
Alexander Gierymski (1850-1901)-'bread seller'-watercolour on paper Private collection
Salvador Dalí i Domènech (1904-1989)-'the basket of bread'-oil on canvas-1926 St. Petersburg (Florida)-Salvador Dalí Museum
There are three main areas of cereals’ consumption: maize in the Americas, rice in Asia and wheat in the Mediterranean basin and near east. Wheat bread and other cereals are still the staple diet of the peoples from the areas mentioned above. They were or are still areas of low consumption of meat, besides the one provided by poultry, fish, and pigs. People from these areas were once known as 'pasta eaters'.
Willem Claeszoon Heda (1594-1680)-'still life. Ham and silverware'-oil on wood-1649 Moscow-Pushkin Museum
Helen Mary Elizabeth Allingham (1848-1925)-'baking bread'
Ander Zorn (1860-1920)-'our daily bread'-oil on canvas-1886 Private collection
Alexander Gierymski (1850-1901)-'bread seller'-watercolour on paper Private collection
Salvador Dalí i Domènech (1904-1989)-'the basket of bread'-oil on canvas-1926 St. Petersburg (Florida)-Salvador Dalí Museum
sexta-feira, fevereiro 03, 2017
Confeitaria Nacional
Ainda hoje é casa cheia em 2017
Data em 1939
Hotel Avenida Palaçe 1912-ainda HOJE existe
1909
1910 - Café Suisso
Rua da Espera no Bairro Alto
Rua de S. Paulo no CAIS SODRE
quinta-feira, fevereiro 02, 2017
Mosteiro dos Jerónimos, 1879
POESIA RIMA COM... MULHER
Dá a Surpresa de Ser
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem Ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como ?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
|
Como todas as «memórias perdidas» de que aqui, de vez em vez, se tem falado estas Memórias de Adrião não valem pela sua qualidade literária; não é esse, de resto, o propósito do livro nem desta rubrica do Malomil. Crónicas de um Aventureiro do Século XX, de Adrião Homem de Sá, foi publicado em Maio de 2006 pela Miosótis – Edição e Distribuição, Lda., Avª Almirante Reis, nº 131 – 6º Dto. No prefácio, o actor Nuno Homem de Sá – filho do autor Adrião Homem de Sá – diz que o livro do pai fala das «aventuras dos jovens de uma certa classe média».
Falar em «classe média», salvo o devido respeito, parece um déclassement algo forçado, sobretudo se tivermos presente que, logo nas primeiras páginas, Adrião diz que sua mãe era «descendente de família nobre e abastada da Beira Litoral e neta do Visconde de Valdoeiro» e que seu pai era «descendente de família nobre e abastada, uma das mais antigas de Portugal». Mesmo se descontarmos alguma jactância nobiliárquica, não há dúvida de que o jovem Adrião estava longe de ser um produto típico da classe média urbana; em termos de classe, de rendimentos do agregado familiar, talvez fosse da classe média (seja lá isso o que for); no que se refere ao status, esse intangível conceito weberiano, enquadrava-se muito mais num grupo de meninos-família de posses flutuantes, quase sempre minguantes, mas ainda assim cientes do seu estatuto de rapazes estroinas e bem-nascidos.
Adrião bem nasceu em Lisboa, em 1931. E teve uma infância feliz nas Avenidas Novas da capital, entrecortada por férias estivais em São Martinho do Porto e na Figueira da Foz. Estudou no Colégio Vasco da Gama, mais tarde no Colégio Português de Educação Feminina, enquanto o seu irmão frequentava o Colégio D. Filipa de Vilhena. Caiu de cabeça no Liceu Camões, altura da vida em que fumou o seu primeiro cigarro e fez a sua primeira visita a um bordel. Dos estudos pouco conta, pois pouco contaram para o seu percurso vital. Com o entrar dos anos, Adrião foi ganhando corpo e porte, ambos atléticos. Ginasticado em Carcavelos, rapaz de mar, deu-se a mil e uma actividades físicas, seguindo o modelo de sportsman polivalente e amador, típico da sua época e do seu meio social. Seria forcado, e cábula inveterado. Levou um 6 a Matemática, no Liceu Camões – que, por causa disso, teve de abandonar, crê-se que sem mágoa de espécie alguma. Matriculou-se então no Colégio Académico, aos Anjos, enquanto descobria as artes do salto e da prancha numas férias no Hotel do Luso, recém-inaugurado. Às tantas, de tantas, Adrião virou boémio. O livro percorre, em cadência alucinada, uma sucessão de proezas amorosas e sexuais, contadas com basta gabarolice por este antigo aluno do Instituto Nacional de Educação Física. Também muito clássica, a referência às mulheres estrangeiras e o estereótipo, verdadeiro ou mitológico, de que seriam mais desinibidas – ou «fáceis», no jargão de Adrião – do que as suas congéneres lusitanas que, de capelina, iluminavam a Bénard e a Marques, ao Chiado, ou a Versailles, nas Avenidas Novas. Entre patuscadas e estroinices mil, foi atropelado pela paixão dos carros, não sendo ao acaso que muitos dos amigos de borga de Adrião tenham acabado, como ele, na distinta profissão de vendedores de automóveis. Para isso tinham figura e lábia, impressionando os potenciais compradores e compradoras em standsde novos/usados onde pontificavam estes meninos-bem, todos do Sporting, claro, que iam envelhecendo galãs, com três ou quatro casamentos às costas – mas sem nunca perderem a pose, de artistas.
Não há nada de especialmente relevante nesta vida, que se viveu apenas. Farras, patuscadas, loucuras mais ou menos inocentes, um mergulho de cabeça na Lisboa boémia, dos cabarets e dos ardinas, dos filmes de Fu Man Chu vistos em cinemas ruidosos, dos tascos abertos até de madrugada. O Parque Mayer, de actrizes e coristas, a Feira Popular mais os seus tirinhos, as sanduíches da Tendinha do Rossio ou do Zé do Quiosque, as entradas à má fila nas recepções das embaixadas, uma ou outra noite terminada na esquadra. O bife do Monte Carlo, noitadas no Maxim’s e no Ritz club, o trivial da boémia. E, suprema pândega, as idas ao estrangeiro, à Espanha vizinha, noitadas no famoso cabaré Pasapoga, Gran Vía, Madrid. «Sempre na pista do feminino», assim se intitula um dos capítulos, que assim resume a juventude de Adrião Homem de Sá, Naturista militante, praticante de caça submarina, fez tropa em Cavalaria, Torres Novas, estudou para piloto em São Jacinto, bon vivant, jogador no Casino, lavador de janelas e mâitre de restaurante em Londres. Esteve na Exposição de Bruxelas, em 1958, correu a Europa de uma ponta à outra, acabando por assentar em Lisboa, empregando-se na firma Guérin, onde começou a lavar carros e terminou em postos de maior responsabilidade, como gerente da oficina da VW, por exemplo. Casou-se, separou-se, recasou-se, teve filhos, diz-se feliz. No meio da borga, uma existência normal, em larga medida previsível, mesmo quando Adrião se gaba, sem excesso de pormenores escabrosos, das hospedeiras da TWA que seduziu ou das mil e uma aventuras amorosas que teve, desde Copenhaga, Dinamarca, ao Hotel Tivoli, Lisboa, passando por Marbella ou Torremolinos. Politicamente, e como também seria de esperar, arrasa o 25 de Abril, a que chama «logro». Não sei se ainda é vivo. Mas que viveu, viveu.
António Araújo
Não deu nada...o Sócrates anda por aí
Correio da Manhã
Posted by j. manuel cordeiro on Friday, March 5, 2010
Labels: Correio da Manhã, face oculta / Comments: (0)
06 Fevereiro 2010 - 00h30
Rui Pedro Soares assumiu um papel fundamental no negócio. A 3 de Junho vai a Madrid para negociar com os espanhóis da Prisa. A 19 de Junho pede a Paulo Penedos para enviar a versão definitiva do contrato para um mail para Espanha. Janta depois, segundo o próprio, com José Sócrates, e comenta com Penedos que o 'chefe estava bem-disposto'. Rui Pedro Soares diz depois que Sócrates quer que seja a PT a 'assumir o controlo da operação'.
O CM confrontou a administração da Portugal Telecom com a actuação do administrador executivo, mas fonte oficial da empresa afirmou que 'não há comentários a fazer'.
Entretanto, ouvidos pelo CM, vários accionistas de referência manifestaram-se visivelmente incomodados com a actuação de Rui Pedro Soares e com a sua permanência na comissão executiva da PT. Solicitam a intervenção do presidente do conselho de administração, Henrique Granadeiro, para o seu afastamento. fonte próxima de Rui Pedro Soares adiantou ao Correio da Manhã que o quadro da PT 'está muito indignado' e que 'houve uma manipulação das declarações'.
'CM' DAVA CONTA DE CRIME EM NOVEMBRO
A 14 de Novembro, pouco mais de duas semanas depois de o caso ‘Face Oculta’ ter sido tornado público, o ‘CM’ revelava que os magistrados de Aveiro entendiam haver indícios da prática do crime de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Foi com base nesses mesmos indícios que Pinto Monteiro decidiu que não avançava com qualquer investigação, optando por um arquivamento administrativo.
DESPACHO DO PROCURADOR JOÃO MARQUES VIDAL – 23 DE JUNHO DE 2009
'Face à gravidade das suspeitas existe a obrigação de investigar'
'Nas intercepções telefónicas autorizadas e validadas neste inquérito, em diversas conversações surgiram indícios da prática de outros crimes para além dos directamente em investigação nos autos, tendo sido decidido genericamente que se aguardaria pelo desenvolvimento da investigação com vista a garantir o máximo de sigilo e eficácia, excepto se as situações decorrentes destes conhecimentos, pela sua gravidade e circunstâncias, exigissem o desenvolvimento de diligências de investigação autónomas que impusessem a imediata extracção de certidão.
Sucede que do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam fortes indícios da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo para interferência no sector da comunicação social visando o afastamento de jornalistas incómodos e o controlo dos meios de comunicação social, nomeadamente o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes, da TVI, o afastamento do marido desta e o controlo da comunicação do grupo TVI, bem como a aquisição do jornal Público com o mesmo objectivo e, por último, mas apenas em consequência das necessidades de negócio, a aquisição do grupo Cofina, proprietário do Correio da Manhã.
Face ao disposto nos artigos 2º e 38º nº 4 da Constituição da República Portuguesa, artigo 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e artigos 4º e 6º da lei da Televisão (Lei 27/2007 de 30 de Julho), que a seguir se transcrevem, o envolvimento de decisores políticos do mais alto nível neste 'esquema' (expressão empregue por Armando Vara em 21--06-2009) de interferência na orientação editorial de órgãos de comunicação social considerados adversos, visando claramente a obtenção de benefícios eleitorais, atinge o cerne do Estado de Direito Democrático e indica a prática do crime de atentado contra o Estado de Direito, previsto e punido no artigo 9º da Lei 34/87 de 16 de Julho – Crimes da Responsabilidade dos Titulares de Cargos Políticos.
Encontram-se preenchidos os dois critérios acima referidos relativos à necessidade de autonomização da investigação, a saber, o da gravidade do ilícito e o de as circunstâncias imporem a realização de diligências de investigação autónomas (diligências que pela sua natureza não possam ser proteladas).
A gravidade do ilícito que na essência consiste na execução de um plano governamental para controlo dos meios de comunicação social visando limitar as liberdades de expressão e informação a fim de condicionar a expressão eleitoral através de uma rede instalada nas grandes empresas e no sistema bancário (referida nas intercepções como composta pelos 'nossos'), não se detendo perante a necessidade da prática de outros ilícitos instrumentais – nomeadamente a circunstância de do negócio poderem resultar prejuízos económicos para a PT (prejuízos que previsivelmente seriam ‘pagos’ com favores do Estado ou no mínimo colocariam os decisores políticos na dependência dos decisores económicos) ou, na 1ª versão do negócio, a prestação de informações falsas às autoridades de supervisão, Autoridade da Concorrência, CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), ou mesmo através da manipulação do mercado bolsista (variação das acções da Impresa) – traduz-se numa corrupção dos fundamentos do Estado de Direito Democrático, o que é reconhecido pelos próprios intervenientes.
Como resulta da Constituição da República, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da lei não é possível construir um Estado de Direito democrático sem meios de comunicação social livres das interferências e dos poderes políticos e económicos.
No que concerne à necessidade de diligência de investigação autónoma, esta decorre da premência da realização de diligências para esclarecimento do 'esquema' relativo ao Público/ Nuno Vasconcelos/ Impresa e Cofina/ Correio da Manhã, e à identificação de todos os participantes no 'esquema' da TVI, diligências que a não serem realizadas de imediato poderão levar a perdas irremediáveis para a actividade de aquisição da prova, sendo certo que existem indicações que o 'esquema' TVI poderá estar concluído até à próxima quinta-feira.
Face à multiplicidade e gravidade das suspeitas, existe a obrigação legal de proceder à correspondente investigação, não podendo a mesma, como vimos, aguardar para momento ulterior à sua autonomização.
O problema da partilha dos alvos que impõe uma estreita colaboração entre as duas investigações e os problemas da segurança e eficácia das investigações podem ser fortemente atenuados se ambas as investigações forem atribuídas ao núcleo da PJ que agora as executa (o que me parece essencial para garantir o êxito das investigações) e se ao nível do Ministério Público existir um entrosamento entre as equipas de direcção da investigação.
Para o efeito, e junta que seja a certidão e cópias dos suportes técnicos que a seguir se referem, será todo o expediente remetido em mão para superior apresentação e instauração do competente procedimento criminal.
Para autorização da investigação, nos termos do artigo 187º nº 1, 7 e 8 do Código de Processo Penal requeiro a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos doutos despachos judiciais relativos à autorização, manutenção e cessação das intercepções telefónicas.
DESPACHO DO JUIZ DE AVEIRO ANTÓNIO JOAQUIM COSTA GOMES – 29 DE JUNHO de 2009
'Indícios da existência de um plano em que está envolvido o Governo'
Do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o senhor primeiro-ministro, visando:
– o controlo da estação de televisão TVI e o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes e do seu marido, José Eduardo Moniz, para dessa forma ser controlado o teor das notícias através da interferência na orientação editorial daquela televisão.
– o controlo do jornal Público para, desse modo, se proceder ao controlo das notícias publicadas com interferência na orientação editorial daquele jornal.
(...) Resultam ainda fortes indícios de que as pessoas envolvidas no plano tentaram condicionar a actuação do senhor presidente da República, procurando evitar que o mesmo fizesse uma apreciação crítica do negócio.
Estes factos poderão, em abstracto, integrar a comissão do crime de atentado contra o Estado de direito, previsto e punido pelo artigo 9º da Lei nº 34/87 de 16 de Julho, conjugado com o disposto nos artigos 2º e 38º da Constituição da República Portuguesa e 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
O crime de atentado contra o Estado de direito é punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 anos.
As conversações a que o Ministério Público alude na promoção que antecede resultaram da intercepção de meios de comunicação utilizados por Paulo Penedos e Armando Vara, os quais, nos presentes autos, assumem a qualidade de suspeitos.
Considerando as pessoas envolvidas e o secretismo que rodeia toda a sua actuação, bem como o facto de a actividade suspeita ser desenvolvida em grande medida comrecurso a conversas telefónicas, afigura-se-nos que as intercepções em causa são essenciais à prova do crime previsto no artigo 9º da lei nº 34/87 de 16 de Julho, uma vez que permitirão perceber as verdadeiras motivações que estão na base dos referidos negócios.
Pelo exposto, em conformidade com o preceituado nos artigos 187º, nº 1-alínea a), 4-alínea a), 7 e 8 do Código de Processo Penal, autorizo a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos despachos judiciais que fundamentaram as intercepções – autorização, manutenção e cessação – e sua validação.
NOTAS
BALSEMÃO: TESTEMUNHA
Apesar de se bater pela liberdade deexpressão e de ser testemunha de Moura Guedes contra Sócrates, o presidente da SIC não quis comentar este caso
EX-MINISTROS: EM SILÊNCIO
O ex-ministro da Justiça Alberto Costae o deputado socialista Vera Jardimrecusaram comentar o 'esquema'revelado pelas escutas do ‘Face Oculta’
PRISA: MANUEL POLANCO
O ‘CM’ contactou os responsáveis da Prisa Manuel Polanco (que se reuniu com Rui Pedro Soares) e José Luís Cebrián, mas ninguém respondeu aos e-mails
JOSÉ LELLO: DEPUTADO PS
Para o socialista, a divulgação das escutas 'é uma coisa horrível' e uma forma de tentar condicionar o Governo. 'Nem assim nos vão desmotivar'
ERC: AZEREDO LOPES
Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, recusa comentar o que revelam os despachos do processo ‘Face Oculta’
Eduardo Dâmaso/Miguel Ganhão/Tânia Laranjo
19 Fevereiro 2010 - 08h28
Recorde-se que o líder da PT disse no dia 12 de Fevereiro que se sentia 'encornado' ao tomar conhecimento que a PT poderia estar envolvida num alegado plano do primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a Comunicação Social.
Por outro lado, terá sido Rui Pedro Soares, então administrador da PT que convenceu Luís Figo a apoiar José Sócrates tendo inclusivamente viajado até Milão para falar com o jogador.
O semanário 'Sol' avança ainda com as conversas telefónicas entre João Carlos Silva, antigo presidente da RTP e Paulo Penedos, nas quais os dois abordam no dia 22 de Junho de 2009 a questão dos contratos com Luís Figo e com Mourinho. Duas horas antes, Paulo Penedos terá falado ao telefone com Américo Thomati, presidente da Tagusparque.
As conversas divulgadas pelo 'Sol' revelam ainda uma suposta conversa no dia 10 de Junho de 2009, após o Partido Socialista sair derrotado nas eleições Europeias - que aconteceram dia 7 de Junho - entre Marcos Perestrello, actual secretário de Estado da Defesa e Paulo Penedos.
28 Fevereiro 2010 - 00h30
Rui Pedro Soares utilizou o banco de horas que a PT tem junto de uma companhia de jactos privada e reservou duas horas para a viagem de ida e volta a Madrid. A factura foi de seis mil euros, paga pela PT, e o documento que comprova o pagamento foi levado pela Polícia Judiciária (PJ) após as buscas realizadas ao gabinete daquele quadro da PT. O administrador tinha autonomia para requisitar o jacto privado e o presidente da Comissão Executiva, Zeinal Bava, estava ao corrente da viagem do seu administrador.
O futuro de Rui Pedro Soares, que não tem nenhum cargo atribuído dentro da PT (depois de se ter demitido no passado dia 17 de administrador executivo no seguimento de buscas realizadas pela Judiciária ao seu gabinete), apesar de ser quadro da empresa desde 2001, deve passar pela atribuição de um cargo de categoria imediatamente inferior àquele que exercia antes da demissão. Segundo apurou o CM, Rui Pedro Soares deverá exercer o cargo de director de primeira linha, a que corresponde um salário mensal ligeiramente inferior a dez mil euros.
EMPRESA DESISTE DO TAGUS
A Portugal Telecom (PT) desistiu da compra das participações da EDP e do BPI no capital social da sociedade do Taguspark. Segundo fonte oficial da empresa, "a PT não comprou nem está previsto comprar as acções da EDP e do BPI".
Com esta decisão, o acordo entre a Câmara de Oeiras e a PT sobre a compra das acções da EDP e do BPI, que ficou registado em acta do conselho de administração do Taguspark, fica sem efeito. Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, disse esta semana ao CM que a operação ainda não tinha sido concretizada por "questões burocráticas". O ataque da PT à tomada do poder no Taguspark foi liderado por Rui Pedro Soares.
O acordo previa que a câmara ficasse com 18 por cento do capital social do Taguspark e a PT com 16 por cento.
PORMENORES
Ligações comerciais
Existem 13 voos comerciais diários entre Portugal e Espanha. O preço em classe executiva é de 320 euros.
Comunicado na CMVM
No mesmo dia em que Rui Pedro Soares voa para Madrid, a PT coloca, à noite, um comunicado na CMVM a confirmar o interesse no negócio de compra da Media Capital.
Despedimento
Fontes da PT dizem que não existem razões legais para iniciar um processo de despedimento em relação a Rui Pedro Soares.
Resultados dia 4
A Portugal Telecom apresenta os resultados no próximo dia 4. Nesse mesmo dia haverá reunião do Conselho de Administração para analisar a eventual substituição dos dois administradores executivos que pediram a demissão dos cargos.
Miguel Alexandre Ganhão/A.S.A
04 Março 2010 - 00h30
'Esses documentos dizem respeito a queixas, a pagamentos e a depósitos feitos na empresa ‘Smith & Pedro’. E, segundo a Direcção de Informação da TVI, esses documentos não interessam. São desvalorizados', acusou ainda a ex--subdirectora de Informação do canal de Queluz, afastada do ecrã desde Setembro.
Moura Guedes lembrou que 'o actual director de Informação da TVI, Júlio Magalhães, diz que a informação do Freeport é espaçada', e observou: 'Isto é fazer uma gestão política das notícias. Coisa que no tempo do ‘Jornal de 6ª’ não acontecia'. Por outro lado, Moura Guedes, que foi acusada por Sócrates de fazer uma 'caça ao homem', lembrou que 'nunca nenhuma notícia do ‘Jornal de 6ª’ foi desmentida ou posta judicialmente em causa'.
Em comunicado, a Direcção de Informação do canal rejeitou as acusações, que diz serem 'falsas': 'A TVI divulgou oito notícias próprias do Freeport desde Setembro de 2009, quando a actual Direcção de Informação entrou em funções. Neste momento não existe qualquer peça pronta sobre o caso Freeport'.
Sobre as pressões do Governo aos ‘media’, a pivô do extinto ‘Jornal de 6ª’ foi peremptória: 'Não são só as redacções dos jornais que recebem telefonemas dos assessores do primeiro-ministro. A investigação do Freeport também. A inspectora Alice [Fernandes], da PJ de Setúbal, recebe tefonemas dos assessores do primeiro ministro e é permeável a eles'. E declarou ainda que 'dois elementos do Ministério Público puseram o lugar à disposição porque a investigação do Freeport não estava a ser feita convenientemente por causa da inspectora Alice'.
FRASES
'A compra da TVI pela PT tinha um objectivo político, além de ser um bom negócio, que era controlar a linha editorial da TVI'
'Quando o ‘Jornal de 6.ª’ acabou fui colocada num canto da Redacção. Era a ovelha ronhosa.'
Manuela Moura Guedes
OS ALVOS DE MANUELA
J. Magalhães, Dir. Informação
'A Direcção desvaloriza documentos do Freeport, que estão lá desde Setembro, que implicam o primeiro-ministro'
REACÇÃO
TVI rejeita as acusações, 'falsas e desmentidas pelos factos'
B. Bairrão, Adm. TVI, e António Vitorino, PS
'Bairrão disse-me que foi o António Vitorino [quem intercedeu junto da Prisa para suspender o ‘Jornal de 6.ª]'.
REACÇÃO
Bairrão: 'É fácil confirmar quem fala verdade'. Vitorino não reage
A. Rodrigues, Director da PJ
'A inspectora Alice, da PJ de Setúbal, recebe telefonemas de assessores do primeiro-ministro e é muito permeável'
PJ ANALISA DECLARAÇÕES
M. Sousa Tavares, Comentador
'Enquanto eu fazia remates às minhas peças, Sousa Tavares faz comentários. Só não faz comentários ao Governo'
REACÇÃO
'Constatei por que ela está de baixa psiquiátrica há cinco meses'
Pais Amaral, Ex-CEO da MC
'Vendeu a empresa à Prisa e vendeu muito bem. Mas na base do negócio estava o meu afastamento'
NÃO REAGIU
JOSÉ LEMOS NEGA TENTATIVA DE CONTROLO
Referindo-se às movimentações do Governo para controlar a Comunicação Social, Manuela Moura Guedes disse ainda que no caso da Media Capital houve dois socialistas nomeados: 'José Lemos foi o socialista interlocutor em 2005. Depois até esteve na administração da Media Capital e eu estive na prateleira até 2008. E agora temos outro socialista, o António Vitorino'.
Contactado pelo CM, o ex-deputado socialista manifestou-se surpreendido e começou por argumentar que não tinha ouvido as declarações da jornalista da TVI. Perante as acusações, alegou: 'Não tem qualquer sentido. É um disparate. Quando fui eleito administrador não -executivo [Moura Guedes] já não era pivô'. E frisou que era administrador não-executivo.
APONTAMENTOS
MONIZ LEVOU MANUELA
O ex-director-geral da TVI levou a mulher, a jornalista Manuela Moura Guedes, à Assembleia da República. Deixou-a à porta e foi-se embora.
JORNALISTAS CHAMADOS
O PSD vai apresentar, na terça--feira, um requerimento para ouvir também os jornalistas da TVI Júlio Magalhães, Ana Leal, Vítor Bandarra e Carlos Enes.
MANUELA AO ATAQUE
Durante o seu depoimento, que demorou três horas, Manuela M. Guedes atacou várias pessoas: começou em Júlio Magalhães, Bernardo Bairrão, e passou por José Carlos Castro, Pais do Amaral e Sousa Tavares, entre outros.
PLANO CONTRA OS PRIVADOS
Francisco Pinto Balsemão disse ontem, na Comissão de Ética e Cultura, acreditar que 'houve [um plano] por parte deste Governo para enfraquecer os grupos privados' e frisou que o Executivo teve conhecimento prévio da intenção do negócio da PT/TVI.
Para o presidente da Impresa, o plano 'começou com a produção e legislação com vista a determinados efeitos' e afirmou ser necessário 'saber quem são os proprietários dos ‘media’', pois 'é muito importante a transparência'. 'Quantos projectos editoriais conhecemos que não têm possibilidade de sobrevivência e que são mantidos por investidores que, eventualmente, têm objectivos de exercer influência e ganharem dinheiro noutros mercados?', questionou.
Sobre a compra da TVI pela Portugal Telecom, com o objectivo de afastar José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes, tidos como contrários ao Governo, Balsemão explicou: 'É minha convicção que a PT não avançaria sem conhecimento do primeiro-ministro'. Mas frisou que José Sócrates afirmou não ter tido conhecimento e, 'neste momento, não temos provas do contrário'.
Balsemão disse que o ‘Jornal de 6ª’ não era do seu agrado 'mas para o suspender teria de se falar com o director de Informação'.
SÓCRATES: PROCESSADO
O primeiro-ministro José Sócrates acusou Manuela Moura Guedes de fazer uma 'caça ao homem' no ‘Jornal de 6.ª’ e de fazer um 'jornalismo travestido'. A ex-pivô processou-o
ALICE FERNANDES: QUEIXA
A inspectora da PJ de Setúbal vai avançar com um processo contra Moura Guedes, após as declarações da jornalista de que Alice Fernandes travava a investigação ao caso Freeport
CARLOS ANJOS: CRITICA MANUELA
Um 'disparate' foi como o presidente da ASFIC considerou a afirmação de Manuela Moura Guedes quando disse que dois magistrados do caso Freeport quiseram pôr o lugar à disposição
Teresa Oliveira/I.F.
Negócio: Escutas mostram que Armando Vara conhecia plano
Contrato prova compra da TVI
No computador de Rui Pedro Soares, administrador da PT, foi apreendido o contrato que permitiria à PT comprar a Media Capital. Antes já a PJ tinha interceptado um mail em que estava a versão final enviada para a Prisa, em Madrid. O negócio tem vindo a ser desmentido pelos mais altos quadros da empresa de capitais públicos, mas a verdade é que as escutas telefónicas, aliadas aos documentos apreendidos, mostram exactamente o contrário. José Sócrates sabia do negócio desde o início, e o seu desejo ia mais longe. Queria que aquele se fizesse com a aparente capa de legalidade.Numa primeira fase, deviam ser empresários a adquirir 30% dos capitais da empresa, para assim a PT não aparecer como principal accionista. O objectivo, mais uma vez, era controlar a informação e acabar com o que era considerado o maior entrave à vitória socialista: a permanência de Manuela Moura Guedes e de Eduardo Moniz à frente dos conteúdos da televisão de maior audiência.Rui Pedro Soares assumiu um papel fundamental no negócio. A 3 de Junho vai a Madrid para negociar com os espanhóis da Prisa. A 19 de Junho pede a Paulo Penedos para enviar a versão definitiva do contrato para um mail para Espanha. Janta depois, segundo o próprio, com José Sócrates, e comenta com Penedos que o 'chefe estava bem-disposto'. Rui Pedro Soares diz depois que Sócrates quer que seja a PT a 'assumir o controlo da operação'.
O CM confrontou a administração da Portugal Telecom com a actuação do administrador executivo, mas fonte oficial da empresa afirmou que 'não há comentários a fazer'.
Entretanto, ouvidos pelo CM, vários accionistas de referência manifestaram-se visivelmente incomodados com a actuação de Rui Pedro Soares e com a sua permanência na comissão executiva da PT. Solicitam a intervenção do presidente do conselho de administração, Henrique Granadeiro, para o seu afastamento. fonte próxima de Rui Pedro Soares adiantou ao Correio da Manhã que o quadro da PT 'está muito indignado' e que 'houve uma manipulação das declarações'.
'CM' DAVA CONTA DE CRIME EM NOVEMBRO
A 14 de Novembro, pouco mais de duas semanas depois de o caso ‘Face Oculta’ ter sido tornado público, o ‘CM’ revelava que os magistrados de Aveiro entendiam haver indícios da prática do crime de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Foi com base nesses mesmos indícios que Pinto Monteiro decidiu que não avançava com qualquer investigação, optando por um arquivamento administrativo.
DESPACHO DO PROCURADOR JOÃO MARQUES VIDAL – 23 DE JUNHO DE 2009
'Face à gravidade das suspeitas existe a obrigação de investigar'
'Nas intercepções telefónicas autorizadas e validadas neste inquérito, em diversas conversações surgiram indícios da prática de outros crimes para além dos directamente em investigação nos autos, tendo sido decidido genericamente que se aguardaria pelo desenvolvimento da investigação com vista a garantir o máximo de sigilo e eficácia, excepto se as situações decorrentes destes conhecimentos, pela sua gravidade e circunstâncias, exigissem o desenvolvimento de diligências de investigação autónomas que impusessem a imediata extracção de certidão.
Sucede que do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam fortes indícios da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo para interferência no sector da comunicação social visando o afastamento de jornalistas incómodos e o controlo dos meios de comunicação social, nomeadamente o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes, da TVI, o afastamento do marido desta e o controlo da comunicação do grupo TVI, bem como a aquisição do jornal Público com o mesmo objectivo e, por último, mas apenas em consequência das necessidades de negócio, a aquisição do grupo Cofina, proprietário do Correio da Manhã.
Face ao disposto nos artigos 2º e 38º nº 4 da Constituição da República Portuguesa, artigo 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e artigos 4º e 6º da lei da Televisão (Lei 27/2007 de 30 de Julho), que a seguir se transcrevem, o envolvimento de decisores políticos do mais alto nível neste 'esquema' (expressão empregue por Armando Vara em 21--06-2009) de interferência na orientação editorial de órgãos de comunicação social considerados adversos, visando claramente a obtenção de benefícios eleitorais, atinge o cerne do Estado de Direito Democrático e indica a prática do crime de atentado contra o Estado de Direito, previsto e punido no artigo 9º da Lei 34/87 de 16 de Julho – Crimes da Responsabilidade dos Titulares de Cargos Políticos.
Encontram-se preenchidos os dois critérios acima referidos relativos à necessidade de autonomização da investigação, a saber, o da gravidade do ilícito e o de as circunstâncias imporem a realização de diligências de investigação autónomas (diligências que pela sua natureza não possam ser proteladas).
A gravidade do ilícito que na essência consiste na execução de um plano governamental para controlo dos meios de comunicação social visando limitar as liberdades de expressão e informação a fim de condicionar a expressão eleitoral através de uma rede instalada nas grandes empresas e no sistema bancário (referida nas intercepções como composta pelos 'nossos'), não se detendo perante a necessidade da prática de outros ilícitos instrumentais – nomeadamente a circunstância de do negócio poderem resultar prejuízos económicos para a PT (prejuízos que previsivelmente seriam ‘pagos’ com favores do Estado ou no mínimo colocariam os decisores políticos na dependência dos decisores económicos) ou, na 1ª versão do negócio, a prestação de informações falsas às autoridades de supervisão, Autoridade da Concorrência, CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), ou mesmo através da manipulação do mercado bolsista (variação das acções da Impresa) – traduz-se numa corrupção dos fundamentos do Estado de Direito Democrático, o que é reconhecido pelos próprios intervenientes.
Como resulta da Constituição da República, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da lei não é possível construir um Estado de Direito democrático sem meios de comunicação social livres das interferências e dos poderes políticos e económicos.
No que concerne à necessidade de diligência de investigação autónoma, esta decorre da premência da realização de diligências para esclarecimento do 'esquema' relativo ao Público/ Nuno Vasconcelos/ Impresa e Cofina/ Correio da Manhã, e à identificação de todos os participantes no 'esquema' da TVI, diligências que a não serem realizadas de imediato poderão levar a perdas irremediáveis para a actividade de aquisição da prova, sendo certo que existem indicações que o 'esquema' TVI poderá estar concluído até à próxima quinta-feira.
Face à multiplicidade e gravidade das suspeitas, existe a obrigação legal de proceder à correspondente investigação, não podendo a mesma, como vimos, aguardar para momento ulterior à sua autonomização.
O problema da partilha dos alvos que impõe uma estreita colaboração entre as duas investigações e os problemas da segurança e eficácia das investigações podem ser fortemente atenuados se ambas as investigações forem atribuídas ao núcleo da PJ que agora as executa (o que me parece essencial para garantir o êxito das investigações) e se ao nível do Ministério Público existir um entrosamento entre as equipas de direcção da investigação.
Para o efeito, e junta que seja a certidão e cópias dos suportes técnicos que a seguir se referem, será todo o expediente remetido em mão para superior apresentação e instauração do competente procedimento criminal.
Para autorização da investigação, nos termos do artigo 187º nº 1, 7 e 8 do Código de Processo Penal requeiro a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos doutos despachos judiciais relativos à autorização, manutenção e cessação das intercepções telefónicas.
DESPACHO DO JUIZ DE AVEIRO ANTÓNIO JOAQUIM COSTA GOMES – 29 DE JUNHO de 2009
'Indícios da existência de um plano em que está envolvido o Governo'
Do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o senhor primeiro-ministro, visando:
– o controlo da estação de televisão TVI e o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes e do seu marido, José Eduardo Moniz, para dessa forma ser controlado o teor das notícias através da interferência na orientação editorial daquela televisão.
– o controlo do jornal Público para, desse modo, se proceder ao controlo das notícias publicadas com interferência na orientação editorial daquele jornal.
(...) Resultam ainda fortes indícios de que as pessoas envolvidas no plano tentaram condicionar a actuação do senhor presidente da República, procurando evitar que o mesmo fizesse uma apreciação crítica do negócio.
Estes factos poderão, em abstracto, integrar a comissão do crime de atentado contra o Estado de direito, previsto e punido pelo artigo 9º da Lei nº 34/87 de 16 de Julho, conjugado com o disposto nos artigos 2º e 38º da Constituição da República Portuguesa e 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
O crime de atentado contra o Estado de direito é punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 anos.
As conversações a que o Ministério Público alude na promoção que antecede resultaram da intercepção de meios de comunicação utilizados por Paulo Penedos e Armando Vara, os quais, nos presentes autos, assumem a qualidade de suspeitos.
Considerando as pessoas envolvidas e o secretismo que rodeia toda a sua actuação, bem como o facto de a actividade suspeita ser desenvolvida em grande medida comrecurso a conversas telefónicas, afigura-se-nos que as intercepções em causa são essenciais à prova do crime previsto no artigo 9º da lei nº 34/87 de 16 de Julho, uma vez que permitirão perceber as verdadeiras motivações que estão na base dos referidos negócios.
Pelo exposto, em conformidade com o preceituado nos artigos 187º, nº 1-alínea a), 4-alínea a), 7 e 8 do Código de Processo Penal, autorizo a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos despachos judiciais que fundamentaram as intercepções – autorização, manutenção e cessação – e sua validação.
NOTAS
BALSEMÃO: TESTEMUNHA
Apesar de se bater pela liberdade deexpressão e de ser testemunha de Moura Guedes contra Sócrates, o presidente da SIC não quis comentar este caso
EX-MINISTROS: EM SILÊNCIO
O ex-ministro da Justiça Alberto Costae o deputado socialista Vera Jardimrecusaram comentar o 'esquema'revelado pelas escutas do ‘Face Oculta’
PRISA: MANUEL POLANCO
O ‘CM’ contactou os responsáveis da Prisa Manuel Polanco (que se reuniu com Rui Pedro Soares) e José Luís Cebrián, mas ninguém respondeu aos e-mails
JOSÉ LELLO: DEPUTADO PS
Para o socialista, a divulgação das escutas 'é uma coisa horrível' e uma forma de tentar condicionar o Governo. 'Nem assim nos vão desmotivar'
ERC: AZEREDO LOPES
Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, recusa comentar o que revelam os despachos do processo ‘Face Oculta’
Eduardo Dâmaso/Miguel Ganhão/Tânia Laranjo
19 Fevereiro 2010 - 08h28
Processo 'Face Oculta'
Henrique Granadeiro conhecia o negócio da PT/TVI
O Conselho de Administração da Portugal Telecom (PT) terá chegado a manifestar-se favorável à compra da TVI mas não aprovou o negócio, de acordo com o semanário 'Sol' que avança ainda que Rui Pedro Soares, administrador da PT convenceu Luís Figo a apoiar José Sócrates.De acordo com a publicação, a reunião onde se debateu o assunto aconteceu no dia 25 de Junho de 2009 e Henrique Granadeiro foi o responsável pela introdução ao tema, ou seja, terá sido ele a falar do assunto com os administradores, o que contraria a sua versão pública.Recorde-se que o líder da PT disse no dia 12 de Fevereiro que se sentia 'encornado' ao tomar conhecimento que a PT poderia estar envolvida num alegado plano do primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a Comunicação Social.
Por outro lado, terá sido Rui Pedro Soares, então administrador da PT que convenceu Luís Figo a apoiar José Sócrates tendo inclusivamente viajado até Milão para falar com o jogador.
O semanário 'Sol' avança ainda com as conversas telefónicas entre João Carlos Silva, antigo presidente da RTP e Paulo Penedos, nas quais os dois abordam no dia 22 de Junho de 2009 a questão dos contratos com Luís Figo e com Mourinho. Duas horas antes, Paulo Penedos terá falado ao telefone com Américo Thomati, presidente da Tagusparque.
As conversas divulgadas pelo 'Sol' revelam ainda uma suposta conversa no dia 10 de Junho de 2009, após o Partido Socialista sair derrotado nas eleições Europeias - que aconteceram dia 7 de Junho - entre Marcos Perestrello, actual secretário de Estado da Defesa e Paulo Penedos.
28 Fevereiro 2010 - 00h30
'Face Oculta': Factura de seis mil euros foi apreendida pela Judiciária
PT pagou avião a Rui Pedro Soares
Ex-administrador, que é quadro da operadora desde 2001, deverá passar a director de primeira linha com um salário na ordem dos dez mil euros.O ex-administrador executivo da Portugal Telecom Rui Pedro Soares utilizou um jacto privado que está à disposição dos membros da Comissão Executiva da Portugal Telecom (PT) para ir a Madrid, dia 23 de Junho de 2009, ultimar o negócio da compra da TVI aos espanhóis da Prisa. Segundo apurou o CM o ex--administrador estava mandatado pela Comissão Executiva para concluir o negócio.Rui Pedro Soares utilizou o banco de horas que a PT tem junto de uma companhia de jactos privada e reservou duas horas para a viagem de ida e volta a Madrid. A factura foi de seis mil euros, paga pela PT, e o documento que comprova o pagamento foi levado pela Polícia Judiciária (PJ) após as buscas realizadas ao gabinete daquele quadro da PT. O administrador tinha autonomia para requisitar o jacto privado e o presidente da Comissão Executiva, Zeinal Bava, estava ao corrente da viagem do seu administrador.
O futuro de Rui Pedro Soares, que não tem nenhum cargo atribuído dentro da PT (depois de se ter demitido no passado dia 17 de administrador executivo no seguimento de buscas realizadas pela Judiciária ao seu gabinete), apesar de ser quadro da empresa desde 2001, deve passar pela atribuição de um cargo de categoria imediatamente inferior àquele que exercia antes da demissão. Segundo apurou o CM, Rui Pedro Soares deverá exercer o cargo de director de primeira linha, a que corresponde um salário mensal ligeiramente inferior a dez mil euros.
EMPRESA DESISTE DO TAGUS
A Portugal Telecom (PT) desistiu da compra das participações da EDP e do BPI no capital social da sociedade do Taguspark. Segundo fonte oficial da empresa, "a PT não comprou nem está previsto comprar as acções da EDP e do BPI".
Com esta decisão, o acordo entre a Câmara de Oeiras e a PT sobre a compra das acções da EDP e do BPI, que ficou registado em acta do conselho de administração do Taguspark, fica sem efeito. Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, disse esta semana ao CM que a operação ainda não tinha sido concretizada por "questões burocráticas". O ataque da PT à tomada do poder no Taguspark foi liderado por Rui Pedro Soares.
O acordo previa que a câmara ficasse com 18 por cento do capital social do Taguspark e a PT com 16 por cento.
PORMENORES
Ligações comerciais
Existem 13 voos comerciais diários entre Portugal e Espanha. O preço em classe executiva é de 320 euros.
Comunicado na CMVM
No mesmo dia em que Rui Pedro Soares voa para Madrid, a PT coloca, à noite, um comunicado na CMVM a confirmar o interesse no negócio de compra da Media Capital.
Despedimento
Fontes da PT dizem que não existem razões legais para iniciar um processo de despedimento em relação a Rui Pedro Soares.
Resultados dia 4
A Portugal Telecom apresenta os resultados no próximo dia 4. Nesse mesmo dia haverá reunião do Conselho de Administração para analisar a eventual substituição dos dois administradores executivos que pediram a demissão dos cargos.
Miguel Alexandre Ganhão/A.S.A
04 Março 2010 - 00h30
Investigação: Moura Guedes fala de “tranches financeiras”
Mais documentos contra Sócrates
Manuela Moura Guedes acusa Júlio Magalhães de fazer “gestão política das notícias”.'Há documentos do Freeport que estão lá [na TVI] desde Setembro, que dizem respeito a tranches financeiras e implicam o primeiro-ministro, e que não são postos na antena', disse ontem Manuela Moura Guedes na Comissão Parlamentar de Ética.'Esses documentos dizem respeito a queixas, a pagamentos e a depósitos feitos na empresa ‘Smith & Pedro’. E, segundo a Direcção de Informação da TVI, esses documentos não interessam. São desvalorizados', acusou ainda a ex--subdirectora de Informação do canal de Queluz, afastada do ecrã desde Setembro.
Moura Guedes lembrou que 'o actual director de Informação da TVI, Júlio Magalhães, diz que a informação do Freeport é espaçada', e observou: 'Isto é fazer uma gestão política das notícias. Coisa que no tempo do ‘Jornal de 6ª’ não acontecia'. Por outro lado, Moura Guedes, que foi acusada por Sócrates de fazer uma 'caça ao homem', lembrou que 'nunca nenhuma notícia do ‘Jornal de 6ª’ foi desmentida ou posta judicialmente em causa'.
Em comunicado, a Direcção de Informação do canal rejeitou as acusações, que diz serem 'falsas': 'A TVI divulgou oito notícias próprias do Freeport desde Setembro de 2009, quando a actual Direcção de Informação entrou em funções. Neste momento não existe qualquer peça pronta sobre o caso Freeport'.
Sobre as pressões do Governo aos ‘media’, a pivô do extinto ‘Jornal de 6ª’ foi peremptória: 'Não são só as redacções dos jornais que recebem telefonemas dos assessores do primeiro-ministro. A investigação do Freeport também. A inspectora Alice [Fernandes], da PJ de Setúbal, recebe tefonemas dos assessores do primeiro ministro e é permeável a eles'. E declarou ainda que 'dois elementos do Ministério Público puseram o lugar à disposição porque a investigação do Freeport não estava a ser feita convenientemente por causa da inspectora Alice'.
FRASES
'A compra da TVI pela PT tinha um objectivo político, além de ser um bom negócio, que era controlar a linha editorial da TVI'
'Quando o ‘Jornal de 6.ª’ acabou fui colocada num canto da Redacção. Era a ovelha ronhosa.'
Manuela Moura Guedes
OS ALVOS DE MANUELA
J. Magalhães, Dir. Informação
'A Direcção desvaloriza documentos do Freeport, que estão lá desde Setembro, que implicam o primeiro-ministro'
REACÇÃO
TVI rejeita as acusações, 'falsas e desmentidas pelos factos'
B. Bairrão, Adm. TVI, e António Vitorino, PS
'Bairrão disse-me que foi o António Vitorino [quem intercedeu junto da Prisa para suspender o ‘Jornal de 6.ª]'.
REACÇÃO
Bairrão: 'É fácil confirmar quem fala verdade'. Vitorino não reage
A. Rodrigues, Director da PJ
'A inspectora Alice, da PJ de Setúbal, recebe telefonemas de assessores do primeiro-ministro e é muito permeável'
PJ ANALISA DECLARAÇÕES
M. Sousa Tavares, Comentador
'Enquanto eu fazia remates às minhas peças, Sousa Tavares faz comentários. Só não faz comentários ao Governo'
REACÇÃO
'Constatei por que ela está de baixa psiquiátrica há cinco meses'
Pais Amaral, Ex-CEO da MC
'Vendeu a empresa à Prisa e vendeu muito bem. Mas na base do negócio estava o meu afastamento'
NÃO REAGIU
JOSÉ LEMOS NEGA TENTATIVA DE CONTROLO
Referindo-se às movimentações do Governo para controlar a Comunicação Social, Manuela Moura Guedes disse ainda que no caso da Media Capital houve dois socialistas nomeados: 'José Lemos foi o socialista interlocutor em 2005. Depois até esteve na administração da Media Capital e eu estive na prateleira até 2008. E agora temos outro socialista, o António Vitorino'.
Contactado pelo CM, o ex-deputado socialista manifestou-se surpreendido e começou por argumentar que não tinha ouvido as declarações da jornalista da TVI. Perante as acusações, alegou: 'Não tem qualquer sentido. É um disparate. Quando fui eleito administrador não -executivo [Moura Guedes] já não era pivô'. E frisou que era administrador não-executivo.
APONTAMENTOS
MONIZ LEVOU MANUELA
O ex-director-geral da TVI levou a mulher, a jornalista Manuela Moura Guedes, à Assembleia da República. Deixou-a à porta e foi-se embora.
JORNALISTAS CHAMADOS
O PSD vai apresentar, na terça--feira, um requerimento para ouvir também os jornalistas da TVI Júlio Magalhães, Ana Leal, Vítor Bandarra e Carlos Enes.
MANUELA AO ATAQUE
Durante o seu depoimento, que demorou três horas, Manuela M. Guedes atacou várias pessoas: começou em Júlio Magalhães, Bernardo Bairrão, e passou por José Carlos Castro, Pais do Amaral e Sousa Tavares, entre outros.
PLANO CONTRA OS PRIVADOS
Francisco Pinto Balsemão disse ontem, na Comissão de Ética e Cultura, acreditar que 'houve [um plano] por parte deste Governo para enfraquecer os grupos privados' e frisou que o Executivo teve conhecimento prévio da intenção do negócio da PT/TVI.
Para o presidente da Impresa, o plano 'começou com a produção e legislação com vista a determinados efeitos' e afirmou ser necessário 'saber quem são os proprietários dos ‘media’', pois 'é muito importante a transparência'. 'Quantos projectos editoriais conhecemos que não têm possibilidade de sobrevivência e que são mantidos por investidores que, eventualmente, têm objectivos de exercer influência e ganharem dinheiro noutros mercados?', questionou.
Sobre a compra da TVI pela Portugal Telecom, com o objectivo de afastar José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes, tidos como contrários ao Governo, Balsemão explicou: 'É minha convicção que a PT não avançaria sem conhecimento do primeiro-ministro'. Mas frisou que José Sócrates afirmou não ter tido conhecimento e, 'neste momento, não temos provas do contrário'.
Balsemão disse que o ‘Jornal de 6ª’ não era do seu agrado 'mas para o suspender teria de se falar com o director de Informação'.
SÓCRATES: PROCESSADO
O primeiro-ministro José Sócrates acusou Manuela Moura Guedes de fazer uma 'caça ao homem' no ‘Jornal de 6.ª’ e de fazer um 'jornalismo travestido'. A ex-pivô processou-o
ALICE FERNANDES: QUEIXA
A inspectora da PJ de Setúbal vai avançar com um processo contra Moura Guedes, após as declarações da jornalista de que Alice Fernandes travava a investigação ao caso Freeport
CARLOS ANJOS: CRITICA MANUELA
Um 'disparate' foi como o presidente da ASFIC considerou a afirmação de Manuela Moura Guedes quando disse que dois magistrados do caso Freeport quiseram pôr o lugar à disposição
Teresa Oliveira/I.F.
Beatles’ anniversary cmmemorated by bronze sculpture
on Beatles’ anniversary commemorated by bronze sculpture
segunda-feira, março 15, 2010
Adeus, até à próxima oportunidade
Se as sondagens apontassem para uma vitória eleitoral do PSD os candidatos à liderança do PSD seriam os mesmos?
É evidente que não, os cavaquistas não iriam entregar o PSD aos “comandos” de Paulo Rangel, descobririam que o candidato à presidencia tansitória do PSD não tem o mínimo de condições para ser primeiro-ministro. Os cavaquistas funcionam com base nas expectativas de chegarem ao poder, apostam tudo quando esse cenário é realista, arranjam uma segunda figura para entreter o partido quando prevêm que vão ser oposição.
Foi assim que nasceu o cavaquismo, com a famosa rodagem do automóvel novo de Cavaco Silva, faz parte da matriz genética deste grupo. Essa gente não é nem de direita nem do centro, nem liberal ou social-democrata, apenas querem exercer o poder sem se esforçarem muito para o alcançarem. Pergunte-se a alguém se sabe quem são os vice-presidentes de Manuela Ferreira Leite ou informem-se sobre quantas horas dedicaram alguns dos seus vice-presidentes durante a última campanha eleitoral.
Com a crise financeira reapareceram em cena, até foi notícia o envolvimento dos agora desaparecidos assessores de Cavaco Silva na eleição e, mais tarde, na elaboração do programa do PSD, esse envolvimento chegou ao ponto de um braço direito do PSD ter lançado suspeitas de escutas a Belém, o que encaixava na perfeição no discurso da asfixia democrática. Ainda se animaram com o resultado das eleições europeias, mas mal se aperceberam de que iriam ser derrotados nas legislativas desapareceram.
Bem tentaram empurrar Marcelo Rebelo de Sousa na esperança de encorajar Cavaco Silva a provocar uma crise logo que a Constituição lhe permita dissolver o parlamento, até programaram um inquérito parlamentar da treta para encenar o golpe. Mas Cavaco deve ter conhecido o resultado das sondagens e deu uma entrevista em que disse tão pouco que parece ter engolido um bolo-rei virtual enquanto a Judite Sousa lhe fazia perguntas.
Com a divulgação das sondagens Marcelo percebeu que iria perder tempo. Até porque Marcelo já percebeu que o caso Freeport vai virar-se contra os que como ele o usaram para tentar derrubar José Sócrates e que o caso Face Oculta não passou de uma tentativa de golpe de estado desajeitado. Percebeu também que depois das intervenções de personalidades como Paes do Amaral e Ângelo Paupério na Comissão de Ética do parlamento o inquérito parlamentar está condenado a ser um fiasco.
De resto, Marcelo é mais eficaz a fazer oposição em programas televisivos, pode disfarçar-se de comentador desinteressado e ainda é pago, além disso, se como comentador não consegue vencer Sócrates dificlmente o conseguira enquanto líder partidário.
Os cavaquistas fizeram como o piloto da anedota que se embrulhou com a hospedeira e entregou os comandos do avião ao macaco, os nossos iluistres cavaquistas meteram uma palhina no rabo de Paulo Rangel que até ficou todo animado e foram à sua vida, regressarão quando o regresso ao poder for quase certo, como sucedeu com Durão Barroso.
Assinar:
Postagens (Atom)