Estabelecimentos Comerciais de Lisboa (10)
Livraria e Papelaria "Verol & Cª.", na Rua Augusta
Camisaria e Gravataria "Maison de Blanc", na Rua do Ouro
"Loja das Meias" na Rua Augusta
"Casa das Tesouras"
Camisaria e Gravataria "Maison de Blanc", na Rua do Ouro
"Loja das Meias" na Rua Augusta
"Casa das Tesouras"
José Maria da Fonseca
José Maria da Fonseca nascido no Dão, em Vilar de Seco a 31 de Maio de 1804, descobriu durante os seus tempos de estudante universitário uma apetência para a área comercial. Em 1834 José Maria da Fonseca iria deixar-se seduzir pelos encantos de uma propriedade na península de Setúbal, mais concretamente em Vila Nogueira de Azeitão. Os terrenos tinham sido dados como garantia de dívida ao "Contrato dos Tabacos", uma empresa de vários nomes conhecidos de Lisboa em que se incluía o pai José António da Fonseca, um comerciante do Cais do Sodré. Foi na execução dessa dívida que José Maria visitou a propriedade, acabando por a retirar do monopólio dos Tabacos.
José Maria da Fonseca (1804-1884)
Era o início da reviravolta na vida da família. Já em Azeitão, José Maria da Fonseca lança-se na produção vinícola, fundando uma empresa com o seu nome a "José Maria da Fonseca" em 1834. Começou logo a deixar marca no momento em que a sua formação em Matemática o alertou para a organização das vinhas, que passou a plantar com mais espaço entre as fileiras, para permitir que a terra passasse a ser lavrada com mulas e permitir permitir uma melhor exposição solar. Os animais haviam de substituir o homem de enchada na mão em 1840, e a ideia foi reconhecida por um produtor de Bordéus (região vinícola francesa), que falava em «revolução nos campos».
Instalações da "José Maria da Fonseca, Sucessores" em 1900
Numa época em que o vinho se vendia maioritariamente a granel, o empresário decidiu exportá-lo em garrafas para garantir a sua genuinidade e qualidade. Com o crescimento do negócio, as garrafas tornaram-se cada vez mais atractivas e personalizadas. Como resultado, para além do aumento das vendas e da expansão das exportações, veio o reconhecimento da modernidade, asseio e eficiência «das instalações vinárias do senhor Fonseca», pelos especialistas e pela opinião pública. De tal forma que, em 1857, o Rei D. Pedro V lhe confere a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito.
A ideia de começar a exportar em garrafas agitou o sector dos vinhos em Portugal que, até então, apenas vendia vinho a granel para o estrangeiro. O sucesso da estratégia foi rotundo. As vendas dispararam. Já José Maria da Fonseca tinha lançado novas castas e dado grande visibilidade aos seus vinhos, através da criação de marcas específicas - "Moscatel de Setúbal" em 1849, "Periquita" em 1850 e o "Palmela Superior" em 1866 - e aplicação de rótulos.
Interiores dos armazéns e engararfamento da "José Maria da Fonseca, Sucessores" em 1900
Garrafas originais de "Moscatel de Setúbal" de 1900 e "Setúbal Superior" de 1918
A promoção dos produtos passava a conhecer uma nova etapa, até que 1884 assinala a aposta no mercado brasileiro, obrigando à aquisição de novas vinhas em Portugal não só na região de Azeitão, como a "Quinta de Camarate", como noutras regiões como as vinhas da empresa "Viúva de José Gomes da Silva & Filhos, Lda" de Colares -Sintra.
O negócio e marcas da firma "Viúva José Gomes da Silva & Filhos, Lda", viriam a ser adquiridos em 1920 pela "Companhia de Vinhos e Azeites de Portugal S.A.R.L.", na pessoa de António Soares Franco Júnior, administrador da firma "José Maria da Fonseca Sucessores Lda," sociedade para a qual todo o património passou em 1926.
"Viúva de José Gomes da Silva & Filhos, Lda", em Colares
Após a morte de José Maria da Fonseca, em 1884, a empresa muda de designação para "José Maria da Fonseca, Sucessores, Lda.", e ficaram estavam à frente dos destinos desta empresa José Augusto de Paiva, sobrinho do fundador e José António Fernandes, antigo empregado da "José Maria da Fonseca".
José Augusto Paiva José António Fernandes
"Moscatel - Setúbal Roxo" Vinho Periquita "Palmela Superior"
«A casa fundada por José Maria da Fonseca e tão honradamente continuada por aquelles que lhe succederam é a demonstração cabal do valor, da lisura, da inicitaiva intelligente e da vontade superiormente orientada.» in: Revista Portugal-Brasil
A partir de 1917, é reforçada a presença no Brasil, tendo a empresa chegado a abrir um escritório de representação no Rio de Janeiro, em 1920, para apoiar a rede de agentes que cobriam o país. As exportações para este país ascendiam às cem mil caixas de vinho, entre "Moscatel de Setúbal" e "Colares" de Viúva Gomes.
Rótulo Anúncio em 1933
Associado ao nome da "José Maria da Fonseca, Sucessores" está a história do «Torna Viagem». Os comandantes dos navios que faziam viagens de longo curso até ao Brasil e Oriente nem sempre conseguiam comercializar todos os cascos de "Moscatel de Setúbal" e, por isso, eram devolvidos ao produtor. Ao serem provados verificava-se que os vinhos estavam bastante melhores do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos e a dupla travessia da linha do Equador pareciam amaciar e melhorar a qualidade do "Moscatel de Setúbal".
Com a Grande Depressão de 1929 instalada, e a revolução de Getúlio Vargas em1930, o mercado brasileiro foi altamente afectado e devido à forte dependência da "José Maria da Fonseca, Sucessores" deste mercado, viu-se obrigado e vender algum do seu património como foi o caso da firma "Viúva de José Gomes da Silva & Filhos, Lda", vendida em 1931 à empresa "Vitor Guedes & Companhia, Sociedade Comercial".
A esta crise sucedeu um ciclo de recuperação financeira, alicerçado no vinho rosé, que perdurou até meados 1980, pela mão de António Porto Soares Franco, filho de António Soares Franco Júnior, enólogo diplomado em França e criador dos vinhos rosé "Faísca" em 1937, que conquistaram o mercado interno, e o "Lancers" em 1944, que foi um sucesso no Estados Unidos onde nos anos 60 do século XX chegaram a ser vendidas 1 milhão de caixas deste vinho.
Anúncios em 1931
A introdução do primeiro vinho branco de grande sucesso no mercado nacional surge em 1945 com a marca "BSE - Branco Seco Especial". Em 1959 é lançada a marca "Terras Altas" com vinhos da região demarcada do Dão.
Em 1962 é criada a empresa de distribuição "Sileno", que mais tarde em 1970 juntamente com a americana "Heublein" cria numa joint-venture para a produção do vinho "Lancers", e é fundada a "J.M. da Fonseca Internacional Vinhos" com as suas instalações também em Azeitão. Esta empresa viria a ser vendida "Heublein" em 1985.
"J.M. da Fonseca Internacional Vinhos"
150 anos da "José Maria da Fonseca, Sucessores", em 1984
175 anos depois de José Maria da Fonseca ter iniciado um negócio de que vai na 6ª geração, o descendente, António Soares Franco, que desde 1986 assume a presidência da empresa percorre os corredores do museu, radicado numa casa apalaçada em plena vila de Azeitão, onde estão guardadas as histórias seculares, para mostrar o legado e garantir que não há tempo para parar. Refere-se à investigação feita no laboratório, à experimentação de novos produtos, à conquista de novos mercados. Lá fora e cá dentro.
«O que foi feito no passado tem muito que ver com aquilo que a empresa é hoje. Também lançámos novos vinhos, novas castas, inovámos no moscatel, com aguardente vinda de França que lhe deu um perfil totalmente diferente. E foi uma pedrada no charco naquilo que eram os moscatéis e até os vinhos portugueses dessa altura», recorda António Soares Franco, colocando a ressaca do 25 de Abril de 1974 entre os maiores amargos de boca da empresa.
A crise económica que varreu Portugal não deixou margem à família que, em 1985, se viu forçada a vender os 51% que detinha da empresa a um sócio americano. Os juros estavam a 35% e eram pagos à cabeça, condenando qualquer negócio. A venda da quota da família permitiu reduzir a dívida à banca e fazer frente a outras. O negócio prosseguiu, com a compra e reequipamento de adegas. Ganhou-se novo fôlego que permitiu nova incursão no mercado.
A família comprou outras instalações e em 1996 teve uma proposta de compra do grupo britânico "IDV - International Distillers & Vintners Limited ", que detinha as instalações da "José Maria da Fonseca". António Soares Franco (presidente) e seu irmão Domingos Soares Franco (vice-presidente), não hesitaram. Recuperaram a empresa, transformando a "José Maria da Fonseca, Sucessores, Vinhos, S.A." num autêntico império vinícola que hoje regista um volume de negócios de 24 milhões de euros, exportando 75% da sua produção para mais de 50 países, empregando 120 pessoas e de onde saem 33 marcas de vinhos dos seus 683 ha de vinhas.
fotos in: Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional de Portugal, José Maria da Fonseca
José Maria da Fonseca (1804-1884)
Era o início da reviravolta na vida da família. Já em Azeitão, José Maria da Fonseca lança-se na produção vinícola, fundando uma empresa com o seu nome a "José Maria da Fonseca" em 1834. Começou logo a deixar marca no momento em que a sua formação em Matemática o alertou para a organização das vinhas, que passou a plantar com mais espaço entre as fileiras, para permitir que a terra passasse a ser lavrada com mulas e permitir permitir uma melhor exposição solar. Os animais haviam de substituir o homem de enchada na mão em 1840, e a ideia foi reconhecida por um produtor de Bordéus (região vinícola francesa), que falava em «revolução nos campos».
Instalações da "José Maria da Fonseca, Sucessores" em 1900
Numa época em que o vinho se vendia maioritariamente a granel, o empresário decidiu exportá-lo em garrafas para garantir a sua genuinidade e qualidade. Com o crescimento do negócio, as garrafas tornaram-se cada vez mais atractivas e personalizadas. Como resultado, para além do aumento das vendas e da expansão das exportações, veio o reconhecimento da modernidade, asseio e eficiência «das instalações vinárias do senhor Fonseca», pelos especialistas e pela opinião pública. De tal forma que, em 1857, o Rei D. Pedro V lhe confere a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito.
A ideia de começar a exportar em garrafas agitou o sector dos vinhos em Portugal que, até então, apenas vendia vinho a granel para o estrangeiro. O sucesso da estratégia foi rotundo. As vendas dispararam. Já José Maria da Fonseca tinha lançado novas castas e dado grande visibilidade aos seus vinhos, através da criação de marcas específicas - "Moscatel de Setúbal" em 1849, "Periquita" em 1850 e o "Palmela Superior" em 1866 - e aplicação de rótulos.
Interiores dos armazéns e engararfamento da "José Maria da Fonseca, Sucessores" em 1900
Garrafas originais de "Moscatel de Setúbal" de 1900 e "Setúbal Superior" de 1918
A promoção dos produtos passava a conhecer uma nova etapa, até que 1884 assinala a aposta no mercado brasileiro, obrigando à aquisição de novas vinhas em Portugal não só na região de Azeitão, como a "Quinta de Camarate", como noutras regiões como as vinhas da empresa "Viúva de José Gomes da Silva & Filhos, Lda" de Colares -Sintra.
O negócio e marcas da firma "Viúva José Gomes da Silva & Filhos, Lda", viriam a ser adquiridos em 1920 pela "Companhia de Vinhos e Azeites de Portugal S.A.R.L.", na pessoa de António Soares Franco Júnior, administrador da firma "José Maria da Fonseca Sucessores Lda," sociedade para a qual todo o património passou em 1926.
"Viúva de José Gomes da Silva & Filhos, Lda", em Colares
Após a morte de José Maria da Fonseca, em 1884, a empresa muda de designação para "José Maria da Fonseca, Sucessores, Lda.", e ficaram estavam à frente dos destinos desta empresa José Augusto de Paiva, sobrinho do fundador e José António Fernandes, antigo empregado da "José Maria da Fonseca".
José Augusto Paiva José António Fernandes
"Moscatel - Setúbal Roxo" Vinho Periquita "Palmela Superior"
«A casa fundada por José Maria da Fonseca e tão honradamente continuada por aquelles que lhe succederam é a demonstração cabal do valor, da lisura, da inicitaiva intelligente e da vontade superiormente orientada.» in: Revista Portugal-Brasil
A partir de 1917, é reforçada a presença no Brasil, tendo a empresa chegado a abrir um escritório de representação no Rio de Janeiro, em 1920, para apoiar a rede de agentes que cobriam o país. As exportações para este país ascendiam às cem mil caixas de vinho, entre "Moscatel de Setúbal" e "Colares" de Viúva Gomes.
Rótulo Anúncio em 1933
Associado ao nome da "José Maria da Fonseca, Sucessores" está a história do «Torna Viagem». Os comandantes dos navios que faziam viagens de longo curso até ao Brasil e Oriente nem sempre conseguiam comercializar todos os cascos de "Moscatel de Setúbal" e, por isso, eram devolvidos ao produtor. Ao serem provados verificava-se que os vinhos estavam bastante melhores do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos e a dupla travessia da linha do Equador pareciam amaciar e melhorar a qualidade do "Moscatel de Setúbal".
Com a Grande Depressão de 1929 instalada, e a revolução de Getúlio Vargas em1930, o mercado brasileiro foi altamente afectado e devido à forte dependência da "José Maria da Fonseca, Sucessores" deste mercado, viu-se obrigado e vender algum do seu património como foi o caso da firma "Viúva de José Gomes da Silva & Filhos, Lda", vendida em 1931 à empresa "Vitor Guedes & Companhia, Sociedade Comercial".
A esta crise sucedeu um ciclo de recuperação financeira, alicerçado no vinho rosé, que perdurou até meados 1980, pela mão de António Porto Soares Franco, filho de António Soares Franco Júnior, enólogo diplomado em França e criador dos vinhos rosé "Faísca" em 1937, que conquistaram o mercado interno, e o "Lancers" em 1944, que foi um sucesso no Estados Unidos onde nos anos 60 do século XX chegaram a ser vendidas 1 milhão de caixas deste vinho.
Anúncios em 1931
A introdução do primeiro vinho branco de grande sucesso no mercado nacional surge em 1945 com a marca "BSE - Branco Seco Especial". Em 1959 é lançada a marca "Terras Altas" com vinhos da região demarcada do Dão.
Em 1962 é criada a empresa de distribuição "Sileno", que mais tarde em 1970 juntamente com a americana "Heublein" cria numa joint-venture para a produção do vinho "Lancers", e é fundada a "J.M. da Fonseca Internacional Vinhos" com as suas instalações também em Azeitão. Esta empresa viria a ser vendida "Heublein" em 1985.
"J.M. da Fonseca Internacional Vinhos"
150 anos da "José Maria da Fonseca, Sucessores", em 1984
175 anos depois de José Maria da Fonseca ter iniciado um negócio de que vai na 6ª geração, o descendente, António Soares Franco, que desde 1986 assume a presidência da empresa percorre os corredores do museu, radicado numa casa apalaçada em plena vila de Azeitão, onde estão guardadas as histórias seculares, para mostrar o legado e garantir que não há tempo para parar. Refere-se à investigação feita no laboratório, à experimentação de novos produtos, à conquista de novos mercados. Lá fora e cá dentro.
«O que foi feito no passado tem muito que ver com aquilo que a empresa é hoje. Também lançámos novos vinhos, novas castas, inovámos no moscatel, com aguardente vinda de França que lhe deu um perfil totalmente diferente. E foi uma pedrada no charco naquilo que eram os moscatéis e até os vinhos portugueses dessa altura», recorda António Soares Franco, colocando a ressaca do 25 de Abril de 1974 entre os maiores amargos de boca da empresa.
A crise económica que varreu Portugal não deixou margem à família que, em 1985, se viu forçada a vender os 51% que detinha da empresa a um sócio americano. Os juros estavam a 35% e eram pagos à cabeça, condenando qualquer negócio. A venda da quota da família permitiu reduzir a dívida à banca e fazer frente a outras. O negócio prosseguiu, com a compra e reequipamento de adegas. Ganhou-se novo fôlego que permitiu nova incursão no mercado.
A família comprou outras instalações e em 1996 teve uma proposta de compra do grupo britânico "IDV - International Distillers & Vintners Limited ", que detinha as instalações da "José Maria da Fonseca". António Soares Franco (presidente) e seu irmão Domingos Soares Franco (vice-presidente), não hesitaram. Recuperaram a empresa, transformando a "José Maria da Fonseca, Sucessores, Vinhos, S.A." num autêntico império vinícola que hoje regista um volume de negócios de 24 milhões de euros, exportando 75% da sua produção para mais de 50 países, empregando 120 pessoas e de onde saem 33 marcas de vinhos dos seus 683 ha de vinhas.
fotos in: Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional de Portugal, José Maria da Fonseca
Farmácia Barral
A "Farmácia Barral" foi fundada em 1835 em Lisboa, na Rua do Ouro, na antiga baixa pombalina e logo se transformou numa das mais importantes farmácias do país.
Anúncio em 1910
Ainda no século XIX a "Farmácia Barral" destacou-se pela excelência dos seus produtos, designadamente os manipulados, alguns dos quais, como o «Creme Gordo», conseguiram a rara proeza de confundir a marca comercial com o próprio produto. Ainda hoje, quando se diz «Creme Barral», quer dizer-se «Creme Gordo».
Rapidamente o negócio cresceu, atingindo tais proporções que os manipulados farmacêuticos da "Farmácia Barral" foram autonomizados em laboratórios próprios, chegando a ser os maiores do país.
Em meados do século XX a "Farmácia Barral" adquiriu a "Farmácia Avelar", também muito conceituada na época e com instalações na Rua Augusta e Rua dos Sapateiros. Depois de vender as suas instalações originais e de absorver a farmácia então comprada realiza-se a mudança da "Farmácia Barral" para o número 225 da Rua Augusta, onde permanece até então.
Ao longo do séc. XIX e da primeira metade do séc. XX o grupo foi crescendo e afirmando-se, transferindo a comercialização dos seus produtos do retalho para a distribuição e daqui para a indústria, sector onde alcançou o seu apogeu, nos anos 20 e nos anos 60 do séc. XX, sempre nas mãos da mesma família.
Anúncio de 1953
Stand na Feira das Indústrias de Lisboa em 1957
Após 1974 e o simultâneo falecimento do seu líder de então, o grupo entrou em declínio e acabou fraccionado, sendo os seus activos vendidos separadamente. No ano de 2006 esta emblemática farmácia muda de proprietário e dá o nome à "Rede Barral" iniciando um novo ciclo de existência.
Recentemente, a "Farmácia Barral", sendo uma das mais antigas e mais relevantes farmácias portuguesas sofreu profundas obras de remodelação. No espaço agora modernizado e que passou a contar com duas entradas, pratica-se hoje a mais avançada actividade de farmácia.
Anúncio em 1910
Ainda no século XIX a "Farmácia Barral" destacou-se pela excelência dos seus produtos, designadamente os manipulados, alguns dos quais, como o «Creme Gordo», conseguiram a rara proeza de confundir a marca comercial com o próprio produto. Ainda hoje, quando se diz «Creme Barral», quer dizer-se «Creme Gordo».
Rapidamente o negócio cresceu, atingindo tais proporções que os manipulados farmacêuticos da "Farmácia Barral" foram autonomizados em laboratórios próprios, chegando a ser os maiores do país.
Em meados do século XX a "Farmácia Barral" adquiriu a "Farmácia Avelar", também muito conceituada na época e com instalações na Rua Augusta e Rua dos Sapateiros. Depois de vender as suas instalações originais e de absorver a farmácia então comprada realiza-se a mudança da "Farmácia Barral" para o número 225 da Rua Augusta, onde permanece até então.
Ao longo do séc. XIX e da primeira metade do séc. XX o grupo foi crescendo e afirmando-se, transferindo a comercialização dos seus produtos do retalho para a distribuição e daqui para a indústria, sector onde alcançou o seu apogeu, nos anos 20 e nos anos 60 do séc. XX, sempre nas mãos da mesma família.
Anúncio de 1953
Stand na Feira das Indústrias de Lisboa em 1957
Após 1974 e o simultâneo falecimento do seu líder de então, o grupo entrou em declínio e acabou fraccionado, sendo os seus activos vendidos separadamente. No ano de 2006 esta emblemática farmácia muda de proprietário e dá o nome à "Rede Barral" iniciando um novo ciclo de existência.
Recentemente, a "Farmácia Barral", sendo uma das mais antigas e mais relevantes farmácias portuguesas sofreu profundas obras de remodelação. No espaço agora modernizado e que passou a contar com duas entradas, pratica-se hoje a mais avançada actividade de farmácia.
Arsenal da Marinha
A partir do reinado de D. Afonso V, em meados do século XV, a Ribeira das Naus tornou-se um centro privilegiado de construção naval. Tal a sua importância que, após o terramoto de 1755, optou-se por reconstruir o complexo no mesmo local, O Arsenal da Ribeira das Naus.
Tercenas Navais
O "Arsenal da Marinha" foi o antigo local dos Estaleiros da Ribeira das Naus e dos armazéns das armas, da pólvora e munições.
Estaleiro da Ribeira das Naus
Recuperando um trecho (e as imagens anteriores) do post “Arsenal do Alfeite” ….
A propósito da Ribeira das Naus, Paulo Sande escrevia no século XVI:
«Ocupa a Ribeira das Naus um espaço vastíssimo (...). Constrói-se ali (...) essas grandes naus e galeões que abriram a navegação da Índia (...) Diz-se que a construção de cada uma dessas naus custa vinte mil cruzados
É admirável aqui, na verdade, a abundância de tudo o que é necessário para abastecer a armada, pois não falta grande quantidade de mastros, vergas e calabares muito ensebados e compridos; toda a sorte de pez e alcatrão; nem a arte de amolecer o ferro e o aço (...).»
Ribeira das Naus na primeira metade do século XVII
Ao longo da sua história, foram feitas importantes alterações e melhoramentos. A construção da doca seca, no último quartel do século XVIII, revelou-se de grande utilidade para a época. Ao mesmo tempo, face às exigências das Armadas, concluía-se a Cordoaria Nacional, que deveria fornecer parte do material para os navios.
Cordoaria Nacional, na Avenida da Índia
Arsenal da Marinha em 1866
O "Arsenal da Marinha" estava implantado a poente do Terreiro do Paço, sensivelmente no mesmo local do antigo "Estaleiro da Ribeira das Naus’"e da "Ópera do Tejo’" destruída pelo terramoto de 1755. Até à implantação da República em 5 de Outubro de 1910, era designado por "Arsenal Real da Marinha".
O edifício foi completamente destruído pelo terramoto de 1755 e a sua reconstrução ficou a dever-se ao risco de Eugénio dos Santos cujas obras tiveram início em 1759. Manteve a sua função de construção e de reparação de navios, dispondo para isso de um dique próprio. Nas dependências anexas, funcionou o observatório astronómico e a "Sala do Risco", espaço onde se desenhava ou "riscava" o traço dos navios.
Sala do Risco antes do incêndio de 1916
Planta da Sala do Risco e Escola Naval antes do incêndio de 1916
Fragata "Paciencia" na Sala de Risco, para treino dos alunos da Escola Naval
Corveta "Duque de Terceira" no cais do Arsenal da Marinha
No entanto, já no final do século XIX, o complexo industrial tornou-se acanhado para as exigências da época. Sem capacidade para reparar ou construir navios que não fossem de madeira, contratou-se o engenheiro naval francês Croneau para levar a cabo a adaptação do edifício às novas tecnologias.
Em 18 de Agosto de 1897 é iniciada a construção do primeiro navio em aço nestes estaleiros o cruzador "Rainha D. Amelia", que seria concluído e lançado água em 10 de Abril de 1899.
Arsenal da Marinha
Vista áerea
Vista a partir do Cais do Sodré Doca da Marinha
É lançada à água no "Arsenal da Marinha" em 8 de Junho de 1910 a canhoneira "Beira" que sendo o último navio da Monarquia, foi o primeiro de uma série de oito construídos entre 1910 e 1929 e que tão bons serviços prestaram, tendo ficado conhecidos por cruzadores de bolso. O último, a canhoneira "Diu" serviu até 1969.
Lançamento à água da Canhoneira “Pátria” em 27 de Junho de 1903
Para além da construção e manutenção naval, o "Arsenal da Marinha" albergou ao longo da sua existência vários outros departamentos e serviços da Marinha, tais como a ‘Intendência de Marinha de Lisboa’ e a ‘Escola Naval’, ambos transferidos para o "Arsenal do Alfeite" em 1932, ou os extintos Observatório Real da Marinha e Ministério da Marinha’.
Oficina de carpinteiros de Machado
Pilão da Ferraria Oficina de Máquinas Oficina de Fundição
Oficina de Carpintaria de Moldes Oficina de Polieiros
Cábrea do Arsenal da Marinha
Ainda nesse ano, tentou-se reaproveitar o dique e outras zonas operacionais. Já na segunda metade do século XIX, a construção de uma ponte, equipada com uma cábrea capaz de elevar pesos até 60 toneladas, aumentou significativamente a capacidade do Arsenal.
A 1 de Fevereiro de 1908, o rei D. Carlos e o Infante Luís Filipe são assassinados no Terreiro do Paço e os seus corpos são depositados provisoriamente no "Arsenal da Marinha"
Aspecto da construção da Avenida Ribeira das Naus, e definitivo, após demolição do Arsenal da Marinha
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional Digital
Em notícia publicada no jornal "O Século" , em 24 de Março de 2010, chamou-se à atenção para a necessidade de se aprofundarem os estudos relativos à transferência do Arsenal da Marinha para a margem sul do Tejo:
“Só o interesse militar pode justificar a sua transferência. (…) Se o governo entende que deve transferir o Arsenal como medida militar, que o faça, embora esteja demonstrado que essa transferência vai importar em quantia superior a 3000 contos; se, porém, deseja essa transferência obedecendo a um sentimento de estética, que o não faça sem graves precauções (…)”, pois “(…) do ponto de vista estético é ela desnecessária.”
Tal seria concretizado com o início de construção do novo "Arsenal do Alfeite", em 1917, cujas obras decorreram até 1932 por conta das reparações de guerra alemãs.
Jornal “O Eco do Arsenal”, de 1929
Acerca do "Arsenal do Alfeite" consultar post de 26 de Novembro de 2010, com o título: Arsenal do Alfeite
Tercenas Navais
O "Arsenal da Marinha" foi o antigo local dos Estaleiros da Ribeira das Naus e dos armazéns das armas, da pólvora e munições.
Estaleiro da Ribeira das Naus
Recuperando um trecho (e as imagens anteriores) do post “Arsenal do Alfeite” ….
A propósito da Ribeira das Naus, Paulo Sande escrevia no século XVI:
«Ocupa a Ribeira das Naus um espaço vastíssimo (...). Constrói-se ali (...) essas grandes naus e galeões que abriram a navegação da Índia (...) Diz-se que a construção de cada uma dessas naus custa vinte mil cruzados
É admirável aqui, na verdade, a abundância de tudo o que é necessário para abastecer a armada, pois não falta grande quantidade de mastros, vergas e calabares muito ensebados e compridos; toda a sorte de pez e alcatrão; nem a arte de amolecer o ferro e o aço (...).»
Ribeira das Naus na primeira metade do século XVII
Ao longo da sua história, foram feitas importantes alterações e melhoramentos. A construção da doca seca, no último quartel do século XVIII, revelou-se de grande utilidade para a época. Ao mesmo tempo, face às exigências das Armadas, concluía-se a Cordoaria Nacional, que deveria fornecer parte do material para os navios.
Cordoaria Nacional, na Avenida da Índia
Arsenal da Marinha em 1866
O "Arsenal da Marinha" estava implantado a poente do Terreiro do Paço, sensivelmente no mesmo local do antigo "Estaleiro da Ribeira das Naus’"e da "Ópera do Tejo’" destruída pelo terramoto de 1755. Até à implantação da República em 5 de Outubro de 1910, era designado por "Arsenal Real da Marinha".
O edifício foi completamente destruído pelo terramoto de 1755 e a sua reconstrução ficou a dever-se ao risco de Eugénio dos Santos cujas obras tiveram início em 1759. Manteve a sua função de construção e de reparação de navios, dispondo para isso de um dique próprio. Nas dependências anexas, funcionou o observatório astronómico e a "Sala do Risco", espaço onde se desenhava ou "riscava" o traço dos navios.
Sala do Risco antes do incêndio de 1916
Planta da Sala do Risco e Escola Naval antes do incêndio de 1916
Fragata "Paciencia" na Sala de Risco, para treino dos alunos da Escola Naval
Corveta "Duque de Terceira" no cais do Arsenal da Marinha
No entanto, já no final do século XIX, o complexo industrial tornou-se acanhado para as exigências da época. Sem capacidade para reparar ou construir navios que não fossem de madeira, contratou-se o engenheiro naval francês Croneau para levar a cabo a adaptação do edifício às novas tecnologias.
Em 18 de Agosto de 1897 é iniciada a construção do primeiro navio em aço nestes estaleiros o cruzador "Rainha D. Amelia", que seria concluído e lançado água em 10 de Abril de 1899.
Arsenal da Marinha
Vista áerea
Vista a partir do Cais do Sodré Doca da Marinha
É lançada à água no "Arsenal da Marinha" em 8 de Junho de 1910 a canhoneira "Beira" que sendo o último navio da Monarquia, foi o primeiro de uma série de oito construídos entre 1910 e 1929 e que tão bons serviços prestaram, tendo ficado conhecidos por cruzadores de bolso. O último, a canhoneira "Diu" serviu até 1969.
Lançamento à água da Canhoneira “Pátria” em 27 de Junho de 1903
Para além da construção e manutenção naval, o "Arsenal da Marinha" albergou ao longo da sua existência vários outros departamentos e serviços da Marinha, tais como a ‘Intendência de Marinha de Lisboa’ e a ‘Escola Naval’, ambos transferidos para o "Arsenal do Alfeite" em 1932, ou os extintos Observatório Real da Marinha e Ministério da Marinha’.
Oficina de carpinteiros de Machado
Pilão da Ferraria Oficina de Máquinas Oficina de Fundição
Oficina de Carpintaria de Moldes Oficina de Polieiros
Cábrea do Arsenal da Marinha
Ainda nesse ano, tentou-se reaproveitar o dique e outras zonas operacionais. Já na segunda metade do século XIX, a construção de uma ponte, equipada com uma cábrea capaz de elevar pesos até 60 toneladas, aumentou significativamente a capacidade do Arsenal.
A 1 de Fevereiro de 1908, o rei D. Carlos e o Infante Luís Filipe são assassinados no Terreiro do Paço e os seus corpos são depositados provisoriamente no "Arsenal da Marinha"
Aspecto da construção da Avenida Ribeira das Naus, e definitivo, após demolição do Arsenal da Marinha
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional Digital
Em notícia publicada no jornal "O Século" , em 24 de Março de 2010, chamou-se à atenção para a necessidade de se aprofundarem os estudos relativos à transferência do Arsenal da Marinha para a margem sul do Tejo:
“Só o interesse militar pode justificar a sua transferência. (…) Se o governo entende que deve transferir o Arsenal como medida militar, que o faça, embora esteja demonstrado que essa transferência vai importar em quantia superior a 3000 contos; se, porém, deseja essa transferência obedecendo a um sentimento de estética, que o não faça sem graves precauções (…)”, pois “(…) do ponto de vista estético é ela desnecessária.”
Tal seria concretizado com o início de construção do novo "Arsenal do Alfeite", em 1917, cujas obras decorreram até 1932 por conta das reparações de guerra alemãs.
Jornal “O Eco do Arsenal”, de 1929
Acerca do "Arsenal do Alfeite" consultar post de 26 de Novembro de 2010, com o título: Arsenal do Alfeite