RTP - Radiotelevisão Portuguesa
Em 1955 é nomeada uma Comissão de Estudos com a finalidade de coordenar e de se pronunciar sobre os estudos realizados, por sua vez, pelo Grupo de Estudos de televisão e definir os moldes das futuras emissões. Esta comissão era constituída pela direcção "Emissora Nacional", um representante do "Rádio Clube Português" (Botelho Moniz) e outro do Ministério das Comunicações.
Por iniciativa do Governo, a constituição da "RTP - Radiotelevisão Portuguesa, SARL" é feita a 15 de Dezembro de 1955. Tratava-se, portanto de uma sociedade anónima, com capital social de 60.000 contos, tripartido entre o Estado, emissoras de radiodifusão privadas e particulares. Em 16 de Janeiro de 1956 é assinado o contrato de concessão de Serviço Público de Televisão, assinado pelo 1º Presidente da RTP Camilo Mendonça, os 2 administradores Botelho Moniz e Stichini Vilela e o Prof. Marcelo Caetano Ministro da Presidência e Ministro das Comunicações interino, e grande dinamizador da ideia da criação da RTP junto do Presidente do Conselho Dr. Salazar.
A 18 de Julho de 1955, no Pavilhão das Indústrias Portuenses, instalado na "Feira Popular do Porto", têm lugar as sessões experimentais em circuito fechado.
Secretaria geral e serviços comerciais da RTP em 1956, na Rua de S. Domingos à Lapa, 26
As emissões experimentais da RTP iniciaram-se às 21h 30m do dia 4 de Setembro 1956, a partir da "Feira Popular de Lisboa", no Parque da Palhavã em Lisboa.
A primeira emissão experimental da Radiotelevisão Portuguesa foi possível graças ao apoio do jornal "O Século" da "Radio Corporation of America" (RCA) - que forneceu, gentilmente, um equipamento completo, uma torre de antena de cinquenta metros de altura, instalada na Feira Popular, e da "Philips Portuguesa".
Foram instalados postos receptores nos seguintes locais de Lisboa: Praça de Londres (2); Rua Nova da Trindade; Feira Popular (15); Avenida Almirante Reis (na «Portugália»); Cinema Monumental; Restaurante Castanheira de Moura (Lumiar); Armazéns do Chiado; Avenida da Igreja; Praça do Areeiro; Rossio; Avenida da Liberdade; Largo do Chiado; Rua Barata Salgueiro; Praça dos Restauradores; Praça Duque de Saldanha e Rua Silva Carvalho.
O programa transmitido foi o seguinte:
21:30 - Abertura e apresentação
21:33 - Algumas palavras de Monsenhor Lopes da Cruz, Presidente da Assembleia Geral da RTP e director da Rádio Renascença
21:38 - Perspectivas da Radiotelevisão Portuguesa
21:43 - Tesouros da Ourivesaria Portuguesa
22:00 - Revista Desportiva: Lança Moreira entrevista Alves Barbosa
22:30 - «Lisboa biografia de uma capital». Filme de Fernando Garcia
22:50 - Música e artistas: Concerto pelo "Duo Leonor de Sousa Prado-Nella Maissa"
23:10 - Revista Mundial: actualidades da RTP
23:22 - Comentários do dia pelo jornalista Barradas de Oliveira
23:30 - Fecho do programa
Lia-se no jornal "O Século" : «as primeiras emissões de televisão em Portugal correspondem a um dos maiores acontecimentos de qualquer época».
As palavras de apresentação da emissão experimental cabem ao locutor da "Emissora Nacional", Raúl Feio. A primeira locutora de televisão foi Maria Armanda Falcão, que desempenhava funções de secretária de empresa, até então, e mais tarde foi cronista social sob o pseudónimo de Vera Lagoa.
Maria Armanda Falcão, primeira locutora da RTP e a 1ª mira técnica
A multidão invade a "Feira Popular" instalada em Palhavã, na enorme expectativa de testemunhar o fabrico das primeiras imagens hertezianas em Portugal, através do vidro que substitui uma das paredes do estúdio erguido pré-fabricado, ou de um dos vinte monitores espalhados no "Parque de Palhavã". Noutros pontos de Lisboa onde se pode captar a emissão (que chega até à margem sul) , formam-se idênticas aglomerações frente a montras de lojas de electrodomésticos.
No "Jornal de Notícias" podia-se ler: «Na praça dos Restauradores o movimento foi além do que era de esperar e, por isso, parou o trânsito e criaram-se dificuldades, que a PSP, requisitada para tal, resolveu ordenendo a abertura de um "Canal" - não de TV mas de caminho para carros e pessoas poderem circular».
Estúdios na Feira Popular
Exemplos de aparelhos de Televisão à venda em Portugal em 1956 e 1957
Grundig (1956) Philips (1956) Graetz (1957)
Loja de equipamentos para rádio e televisão da RCA, no Largo da Boa-Hora em Lisboa
12 de Dezembro de 1956 Programa da 1ª emissão regular a 7 de Março de 1957
A partir de 7 de Março de 1957 realizaram-se emissões de ensaio, com programas regulares, diferentes em cada dia, das 21 e 30 às 23 horas, e com uma suplementar aos domingos das 18h às 19 h. Cerca de metade de cada programa era emitida do estúdio do Lumiar, directamente com interpretes no estúdio, sendo a outra parte por filmes.
No início os realizadores foram Ruy Ferrão - que tinha regressado de um estágio na "RAI - Radiotelevisione Italiana" - Artur Ramos e Álvaro Benamor. Estavam, nessa altura, a terminar estágio na BBC de Londres o locutor de rádio Nuno Fradique e o arquitecto Herlander Peyroteo que viriam mais tarde a rvelar-se grandes realizadores de televisão.
Nesta altura, um receptor de TV custava entre 5.900$00 e 7.800$00 (entre 29,43 € e 38,91 € multiplicando pelo factor de actualização monetária: 72.48), que era equivalente a nove meses de salário de um trabalhador não qualificado. Em menos de um mês foram registados mil aparelhos de TV particulares. Mas os preços desceram com o aumento da procura disparando por consequência as vendas. Até ao final do ano de 1958 já existiam 32 mil aparelhos de televisão, que representava oito vezes a previsão inicial.
No entanto, as emissões regulares, só se iniciariam a partir de 7 de Março de 1957 (com cinco meses de atraso em relação a Espanha). As primeiras instalações da parte técnica administrativa e estúdios, foram nos antigos estúdios cinematográficos entretanto desactivados e implantadas em terrenos marginais à Alameda das Linhas de Torres, ao Lumiar. Aí haviam tido efémera existência duas empresas de produção: a "Cinanfa" e a "Cinelândia". Estes estúdios do Lumiar estiveram activos até Outubro de 1976, altura em que a RTP se mudou para o novo edifício-sede na Avenida 5 de Outubro.
Estúdios do Lumiar
Em 1957 a RTP recebe o seu primeiro carro de exteriores. Encomendada pela RTP e construída em 1957, em Mannheim na Alemanha, a viatura de marca «Mercedes-Benz», com a matrícula portuguesa GD-61-21, foi especialmente concebida e transformada para possibilitar a cobertura televisiva de eventos no exterior. Equipado com as mais evoluídas tecnologias da época e constituindo um verdadeiro estúdio móvel, foi o primeiro veículo deste género em Portugal.
Primeiro carro de exteriores da RTP, exterior e interior
No momento da sua aquisição, esta viatura ficou em exposição no stand da "C. Santos", na Av. da Liberdade por 20 dias. Durante este período, as câmaras foram colocadas em funcionamento para que o público que estivesse no stand, seguisse as imagens que se captavam e difundiam em circuito fechado. Estava equipada com um motor diesel, de 6 cilindros em linha com 110 HP e 4.580 cm3 de cilindrada. Velocidade máxima: 76 Km/h, consumindo 15 lts /100Km.
O primeiro grande acontecimento a merecer cobertura televisiva foi a visita ao nosso país da rainha Isabel II de Inglaterra em Fevereiro de 1957.
Depois de a 1 de Janeiro de 1958 entrar em vigor a "Taxa de Televisão", em 9 de Fevereiro de 1958 tem lugar a primeira reportagem exterior e em directo do Estádio José de Alvalade do jogo Sporting - F.C.Áustria (resultado 4-0).
Em Outubro de 1959 abre o Estúdio do Norte, em Vila Nova de Gaia, ao mesmo tempo que se cria o "Telejornal". Na primeira fase, a rede de emissores vai cobrir uma área onde vive 60 por cento da população do continente.
O primeiro "Telejornal" foi emitido em 18 de Outubro de 1959. As primeiras palavras do locutor Fialho Gouveia em off, e apresentado por Mário Pires foram: « Senhores espectadores, muito boa noite! Vamos apresentar a primeira edição do telejornal da RTP constituída por noticiário e actualidades do País e do estrangeiro». O realizador era Vasco Hogan Teves e chefe de redacção do Telejornal. Tinha 27 anos e recebia 4.500 escudos (um bom ordenado pois as rendas de casa na altura que eram limitadas a 1.100 escudos …). Um locutor ganhava 1.700 escudos incluindo já o subsídio de camisas. O telejornal era apresentado às 20h 30m.
1º Indicativo do Telejornal em 1959 e o locutor Gomes Ferreira
Henrique Mendes e José Mensurado
Operadores de câmara
Acidente em directo no ano de 1957
Presidentes do Conselho Dr. Oliveira Salazar e Prof. Marcelo Caetano, na RTP
António Lopes Ribeiro e maestro António Melo no "Museu do Cinema" , e o actor João Vilarett
No estúdio, o cenário do "Telejornal" era composto por: telefone cinzento (que por vezes o locutor pedia licença para o atender durante o "Telejornal"…), um mapa-mundo, e à frente dois maços de tabaco das marcas “Porto” e “20 20 20 “, que patrocinavam o programa. A propósito do telefone: «Um momento senhores telespectadores!” interrompia o apresentador, tomando notas numa folha de papel … pousava o telefone e retomando o Telejornal … «Acabem de comunicar-nos da redacção uma notícia de última hora…». Mais tarde o administrador da RTP, não gostando de uma interrupção feita por causa de uma notícia que ele não considerou importante, decidiu acabar com o telefone mas disse: «desliga-se mas o aparelho continua lá, fica bem na imagem».
Os primeiros locutores no início da RTP foram: Gina Esteves, Isabel Wolmar, Fialho Gouveia, Manoel Caetano, Gomes Ferreira, Henrique Mendes, Paulo Cardoso, José Mensurado . Outros grandes nomes passaram pela RTP como: Maria Leonor, Ana Zanatti, Artur Agostinho, Pedro Moutinho, Rui Ferrão, Carlos Cruz , Fernando Pessa, Jorge Alves, Eládio Clímaco, só para nomear alguns dos mais antigos.
Posto emissor de Monsanto
Dois aspectos do interior do posto emissor em 1957 : o emissor e o centro de controle.
1º aparelho de videotape Antenas de feixes hertezianos
A emissão de um "Telejornal" incluía: 2 chefes, 8 redactores, 6 operadores de câmara e 4 dactilógrafas. A redacção do "Telejornal" era um quarto com 30 metros quadrados, com mesas e cadeiras para 6 pessoas. Havia gabinetes à parte para dois chefes, para o desporto e para as dactilógrafas, para as montagens, para os telexes, onde três aparelhos faziam chegar as notícias internacionais a toda a hora.
A sala dos telexes e o serviço de Boletim Meteorológico (1964) com o meteorologista Anthímio de Azevedo
Para poder comparar …O estúdio de informação da RTP de hoje nas instalações da Av. Marechal Gomes da Costa é o maior e melhor equipado estúdio da Europa. Tem cerca de 800 m2 de área e um pé direito de 14 metros. Demorou 15.000 horas de trabalho a montar.Tem 400 metros de calhas suspensa e 6 toneladas de metal. Desde o tempo de projecto até á sua finalização decorreram 9 meses. Está tudo integrado no mesmo espaço, transmissão, régie, redacção, …Outros tempos ….
João de Freitas Branco "História da Música" Maria João Baião e Jorge Alves no concurso de 1965
Maria de Lourdes Modesto e Henrique Mendes Engenheiro Sousa Veloso e o "TV Rural"
As reportagens nacionais eram marcadas de véspera. Muitas vezes, devido à falta de gente, ia apenas o operador de câmara, que levava instruções do chefe para poupar filme, que era caro. «Não mais de 30 metros» - daria para para gravar 3 minutos, que por sua vez exigia pelo menos 1 hora de revelação no laboratório, que no fim daria para 1 minuto e meio de imagens, enquanto o locutor lia o texto elaborado pelos redactores, muitas vezes com base em informações do operador de câmara. As notícias eram passadas à máquina por quatro dactilógrafas, em folhas brancas ou azuis, seguiam para o chefe, que tinha de as assinar, e eram expostas numa bancada pela ordem de entrada na emissão, onde ficavam a aguardar o visto do censor, que aparecia pelas 19h30m. Sem a rubrica deste censor nenhuma notícia podia ir para o ar.
Operadores de câmara em reportagem: Simone de Oliveira no Aeroporto e Volta a Portugal em Bicicleta
Miras Técnicas
A 2 de Fevereiro de 1964 realizou-se, em Lisboa o 1º "Festival RTP da Canção" para escolher a representante portuguesa ao IX Festival da Eurovisão que se realizaria em Copenhaga a 21 de Março desse ano. Venceu António Calvário com a canção "Oração". Na Dinamarca ficou em último lugar com … 0 pontos.
Madalena Iglésias, noutro Festival
No início a televisão era vista, sobretudo em cafés ou montras de lojas que vendiam aparelhos. A RTP também possuía a sua própria loja na Praça de Londres, esquina com a Avenida Paris, onde igualmente comercializava aparelhos de televisão. Também afixava a programação da emissão diária da RTP no exterior da mesma.
Loja da RTP e programação afixada no exterior
Primeiras propagandas em 1957 e 1958
1962 1963
Programas famosos e de grande audiência foram: de culinária de Maria de Lurdes Modesto de agricultura “TV Rural” de Sousa Veloso, de automóveis “Sangue na Estrada” de Francisco Nogueira, “Cartaz TV” de Jorge Alves , “Conversas de Teatro” do António Pedro, as “Charlas linguísticas” do Padre Raul Machado ou as histórias e os poemas declamados pelo João Villaret, "Zip-Zip" de Fialho Gouveia, Raúl Solnado e Carlos Cruz, etc.
No dia 20 de Outubro de 1959, a RTP tornou-se membro da "UER - Union Européenne de Radiodiffusion" - e em meados dos anos 60, a televisão passou a ser transmitida para todo o país.
Maria Fernanda, Isabel Wolmar e Maria Manuela (da esquerda para a direita)
José Fialho Gouveia em 1964 Anuário RTP de 1969
No dia 25 de Dezembro de 1968 comemorou-se o Natal com a criação de um segundo canal, o "II Programa" mais tarde "RTP 2".
Posto emissor do II Programa
Programação da RTP em 20 de Julho de 1969 (Véspera de Neil Armstrong pisar a Lua)
Emissão conduzida por José Mensurado no dia 21 de Julho de 1969
Em 1969 estreia-se dos mais famosos programas de sempre da RTP: "Zip-Zip" e que constituiu um importante marco na história de televisão em Portugal. O programa "Zip-Zip", emitido em plena Primavera Marcelista, foi realizado por Luís Andrade e apresentado por Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raul Solnado e era apresentado no Teatro Vilarett.
O primeiro programa foi gravado no dia 24 de Maio de 1969, tendo Almada Negreiros como convidado principal, e obteve êxito imediato. Foi o primeiro programa português do tipo talk show gravado aos sábados, no Teatro Villaret, com público e transmitidos na segunda-feira seguinte à noite.
O Major Baptista Rosa abandonou a equipa de produção logo após esse primeiro programa, em virtude de se ter incompatibilizado com os outros membros da equipa. A partir do 2º programa verificaram-se algumas modificações incluíndo o genérico do programa.
Entre o público que assistia à gravação estava presente um agente da PIDE. A emissão dos conteúdos tinha que ser negociada com a polícia do regime entre sábado (dia da gravação) e segunda-feira (dia da apresentação). José Nuno Martins também colaborou com o programa, trazendo jovens talentos ao palco. A última emissão foi transmitida no dia 29 de Dezembro de 1969, com os três apresentadores disfarçados de velhos anciãos.
Em 1970, em colaboração com a RTP, a "Editorial Verbo" lança a "Biblioteca Básica Verbo - Livros RTP" , uma colecção de livros de bolso. A ideia surge de uma experiência idêntica que se havia realizado, com grande sucesso, em Espanha, com a televisão espanhola e uma editora madrilena. O então Presidente da Direcção da RTP, depois de uma viagem a Espanha, vem muito entusiasmado com a ideia e é dirigido um convite à Verbo para ser a editora portuguesa a participar neste projecto. Tratava-se de uma acção completamente inovadora no mercado português, da qual jamais, na altura, se teve noção da dimensão que o empreendimento iria tomar e na qual todos os detalhes foram cuidadosamente trabalhados. Foram estudados incansavelmente cada um dos 100 títulos a incluir; a periodicidade, acabando por se optar pela semanal; o papel a utilizar nos livros; a cartolina das capas; o tipo de letra; o formato do livro; o grafismo das capas (da autoria de Sebastião Rodrigues, o pai do design gráfico português) e a distribuição. Também na distribuição este projecto se revelou extremamente inovador.
Coleccção "Biblioteca Básica Verbo - Livros RTP"
Montou-se uma rede de distribuição inédita, com 3500 pontos de (note-se que então o número de livrarias registadas não ultrapassava o 600), para o abastecimento dos quais a "Editorial Verbo" teve que reforçar a sua frota de transporte com oito novos furgões. O nosso slogan interno foi que tínhamos que ter um ponto de venda, devidamente abastecido, junto de cada televisor existente em Portugal. No fundo, o que se fez foi vender livros em locais onde tal nunca tinha acontecido antes, tais como quiosque e tabacarias, muito à semelhança das novas tendências do mercado . Também toda a publicidade a fazer na televisão e que era da responsabilidade da RTP, foi connosco discutida, estudada, realizada e programada. A "Editorial Verbo" previu quase tudo pensado que tinha previsto tudo e imprimiu 50.000 exemplares dos dois primeiros volumes (o segundo livro era oferecido na compra do primeiro). O que não previa era que esses 50.000 exemplares se iriam esgotar na própria manhã do dia do lançamento, 6 de Novembro de 1970, e que as pessoas os disputariam a murro nos armazéns da editora, a ponto de impedirem a entrada a um dos administradores da Verbo, porque as centenas de homens e mulheres que formavam fila para serem abastecidos pensaram que ele lhes ia passar à frente e tirar o lugar!
Dos dois primeiros volumes - a novela "Maria Moisés" , de Camilo Castelo Branco, e "100 Obras Primas da Pintura Europeia" acabaram por se imprimir, à lufa-lufa, e vender 230.000 exemplares de cada. Em Outubro de 1972, do 100º título, "Os Lusíadas" , ainda se venderam mais de 100.000 exemplares. Ao todo, durante aquelas cem semana, foram colocados em casa dos portugueses, ao preço de 15 escudos cada, mais de 15 milhões de livros, num país maioritariamente iletrado.
Mais tarde, dois canais regionais iniciaram a sua actividade nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, na década de 70 do século XX: RTP Madeira, em 6 de Agosto de 1972; RTP Açores, em 10 de Agosto de 1975.
Após o 25 de Abril de 1974, o estatuto da empresa concessionária da radiotelevisão foi alterado. Em 1975, a RTP foi nacionalizada, transformando-se na empresa pública "Radiotelevisão Portuguesa" a 2 de Dezembro.
A RTP iniciou as emissões regulares a cores no 7 de Março de 1980, no dia do seu 23º aniversário, depois de algumas experiências técnicas. Contudo grande parte da população ainda não dispunha de equipamentos a cores. A 1ª transmissão a cores foi a do "Festival RTP da Canção 1980", que pode ser vista em algumas montras de algumas lojas de Lisboa.
O vencedor José Cid com “Um grande, grande amor” e a mira técnica a cores
Edifício da RTP na Avenida 5 de Outubro em Lisboa, inaugurado em 1976
Em 31 de Março de 2004 é inaugurada a nova sede e complexo de estúdios, da RTP / RDP na Av. Marechal Gomes da Costa em Lisboa.
O novo complexo de estúdios das actuais instalações, possui meios técnicos modernos emitindo no formato TDT (Televisão Digital Terrestre) e também um enorme carro de exteriores totalmente equipado para emissão em HDTV (High Definition Television-Televisão de Alta Definição). Este complexo tem 4 estúdios de 800, 400, 200 e 100 metros quadrados devidamente equipados.
O universo actual da "Rádio e Televisão de Portugal"
E para finalizar a famosa, inesperada e odiada tela ….
Para a história da Rádio em Portugal consultar artigo "A Rádio em Portugal", publicado no passado mês de Agosto.
fotos in: “RTP 50 anos de História” , “50 anos de Telejornal”, "Portugal Século XX". Bic Laranja, IÉ-IÉ, Hemeroteca Digital, Museu da RTP, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital
Por iniciativa do Governo, a constituição da "RTP - Radiotelevisão Portuguesa, SARL" é feita a 15 de Dezembro de 1955. Tratava-se, portanto de uma sociedade anónima, com capital social de 60.000 contos, tripartido entre o Estado, emissoras de radiodifusão privadas e particulares. Em 16 de Janeiro de 1956 é assinado o contrato de concessão de Serviço Público de Televisão, assinado pelo 1º Presidente da RTP Camilo Mendonça, os 2 administradores Botelho Moniz e Stichini Vilela e o Prof. Marcelo Caetano Ministro da Presidência e Ministro das Comunicações interino, e grande dinamizador da ideia da criação da RTP junto do Presidente do Conselho Dr. Salazar.
A 18 de Julho de 1955, no Pavilhão das Indústrias Portuenses, instalado na "Feira Popular do Porto", têm lugar as sessões experimentais em circuito fechado.
Secretaria geral e serviços comerciais da RTP em 1956, na Rua de S. Domingos à Lapa, 26
As emissões experimentais da RTP iniciaram-se às 21h 30m do dia 4 de Setembro 1956, a partir da "Feira Popular de Lisboa", no Parque da Palhavã em Lisboa.
A primeira emissão experimental da Radiotelevisão Portuguesa foi possível graças ao apoio do jornal "O Século" da "Radio Corporation of America" (RCA) - que forneceu, gentilmente, um equipamento completo, uma torre de antena de cinquenta metros de altura, instalada na Feira Popular, e da "Philips Portuguesa".
Foram instalados postos receptores nos seguintes locais de Lisboa: Praça de Londres (2); Rua Nova da Trindade; Feira Popular (15); Avenida Almirante Reis (na «Portugália»); Cinema Monumental; Restaurante Castanheira de Moura (Lumiar); Armazéns do Chiado; Avenida da Igreja; Praça do Areeiro; Rossio; Avenida da Liberdade; Largo do Chiado; Rua Barata Salgueiro; Praça dos Restauradores; Praça Duque de Saldanha e Rua Silva Carvalho.
O programa transmitido foi o seguinte:
21:30 - Abertura e apresentação
21:33 - Algumas palavras de Monsenhor Lopes da Cruz, Presidente da Assembleia Geral da RTP e director da Rádio Renascença
21:38 - Perspectivas da Radiotelevisão Portuguesa
21:43 - Tesouros da Ourivesaria Portuguesa
22:00 - Revista Desportiva: Lança Moreira entrevista Alves Barbosa
22:30 - «Lisboa biografia de uma capital». Filme de Fernando Garcia
22:50 - Música e artistas: Concerto pelo "Duo Leonor de Sousa Prado-Nella Maissa"
23:10 - Revista Mundial: actualidades da RTP
23:22 - Comentários do dia pelo jornalista Barradas de Oliveira
23:30 - Fecho do programa
Lia-se no jornal "O Século" : «as primeiras emissões de televisão em Portugal correspondem a um dos maiores acontecimentos de qualquer época».
As palavras de apresentação da emissão experimental cabem ao locutor da "Emissora Nacional", Raúl Feio. A primeira locutora de televisão foi Maria Armanda Falcão, que desempenhava funções de secretária de empresa, até então, e mais tarde foi cronista social sob o pseudónimo de Vera Lagoa.
Maria Armanda Falcão, primeira locutora da RTP e a 1ª mira técnica
A multidão invade a "Feira Popular" instalada em Palhavã, na enorme expectativa de testemunhar o fabrico das primeiras imagens hertezianas em Portugal, através do vidro que substitui uma das paredes do estúdio erguido pré-fabricado, ou de um dos vinte monitores espalhados no "Parque de Palhavã". Noutros pontos de Lisboa onde se pode captar a emissão (que chega até à margem sul) , formam-se idênticas aglomerações frente a montras de lojas de electrodomésticos.
No "Jornal de Notícias" podia-se ler: «Na praça dos Restauradores o movimento foi além do que era de esperar e, por isso, parou o trânsito e criaram-se dificuldades, que a PSP, requisitada para tal, resolveu ordenendo a abertura de um "Canal" - não de TV mas de caminho para carros e pessoas poderem circular».
Estúdios na Feira Popular
Exemplos de aparelhos de Televisão à venda em Portugal em 1956 e 1957
Grundig (1956) Philips (1956) Graetz (1957)
Loja de equipamentos para rádio e televisão da RCA, no Largo da Boa-Hora em Lisboa
12 de Dezembro de 1956 Programa da 1ª emissão regular a 7 de Março de 1957
A partir de 7 de Março de 1957 realizaram-se emissões de ensaio, com programas regulares, diferentes em cada dia, das 21 e 30 às 23 horas, e com uma suplementar aos domingos das 18h às 19 h. Cerca de metade de cada programa era emitida do estúdio do Lumiar, directamente com interpretes no estúdio, sendo a outra parte por filmes.
No início os realizadores foram Ruy Ferrão - que tinha regressado de um estágio na "RAI - Radiotelevisione Italiana" - Artur Ramos e Álvaro Benamor. Estavam, nessa altura, a terminar estágio na BBC de Londres o locutor de rádio Nuno Fradique e o arquitecto Herlander Peyroteo que viriam mais tarde a rvelar-se grandes realizadores de televisão.
Nesta altura, um receptor de TV custava entre 5.900$00 e 7.800$00 (entre 29,43 € e 38,91 € multiplicando pelo factor de actualização monetária: 72.48), que era equivalente a nove meses de salário de um trabalhador não qualificado. Em menos de um mês foram registados mil aparelhos de TV particulares. Mas os preços desceram com o aumento da procura disparando por consequência as vendas. Até ao final do ano de 1958 já existiam 32 mil aparelhos de televisão, que representava oito vezes a previsão inicial.
No entanto, as emissões regulares, só se iniciariam a partir de 7 de Março de 1957 (com cinco meses de atraso em relação a Espanha). As primeiras instalações da parte técnica administrativa e estúdios, foram nos antigos estúdios cinematográficos entretanto desactivados e implantadas em terrenos marginais à Alameda das Linhas de Torres, ao Lumiar. Aí haviam tido efémera existência duas empresas de produção: a "Cinanfa" e a "Cinelândia". Estes estúdios do Lumiar estiveram activos até Outubro de 1976, altura em que a RTP se mudou para o novo edifício-sede na Avenida 5 de Outubro.
Estúdios do Lumiar
Em 1957 a RTP recebe o seu primeiro carro de exteriores. Encomendada pela RTP e construída em 1957, em Mannheim na Alemanha, a viatura de marca «Mercedes-Benz», com a matrícula portuguesa GD-61-21, foi especialmente concebida e transformada para possibilitar a cobertura televisiva de eventos no exterior. Equipado com as mais evoluídas tecnologias da época e constituindo um verdadeiro estúdio móvel, foi o primeiro veículo deste género em Portugal.
Primeiro carro de exteriores da RTP, exterior e interior
No momento da sua aquisição, esta viatura ficou em exposição no stand da "C. Santos", na Av. da Liberdade por 20 dias. Durante este período, as câmaras foram colocadas em funcionamento para que o público que estivesse no stand, seguisse as imagens que se captavam e difundiam em circuito fechado. Estava equipada com um motor diesel, de 6 cilindros em linha com 110 HP e 4.580 cm3 de cilindrada. Velocidade máxima: 76 Km/h, consumindo 15 lts /100Km.
O primeiro grande acontecimento a merecer cobertura televisiva foi a visita ao nosso país da rainha Isabel II de Inglaterra em Fevereiro de 1957.
Depois de a 1 de Janeiro de 1958 entrar em vigor a "Taxa de Televisão", em 9 de Fevereiro de 1958 tem lugar a primeira reportagem exterior e em directo do Estádio José de Alvalade do jogo Sporting - F.C.Áustria (resultado 4-0).
Em Outubro de 1959 abre o Estúdio do Norte, em Vila Nova de Gaia, ao mesmo tempo que se cria o "Telejornal". Na primeira fase, a rede de emissores vai cobrir uma área onde vive 60 por cento da população do continente.
O primeiro "Telejornal" foi emitido em 18 de Outubro de 1959. As primeiras palavras do locutor Fialho Gouveia em off, e apresentado por Mário Pires foram: « Senhores espectadores, muito boa noite! Vamos apresentar a primeira edição do telejornal da RTP constituída por noticiário e actualidades do País e do estrangeiro». O realizador era Vasco Hogan Teves e chefe de redacção do Telejornal. Tinha 27 anos e recebia 4.500 escudos (um bom ordenado pois as rendas de casa na altura que eram limitadas a 1.100 escudos …). Um locutor ganhava 1.700 escudos incluindo já o subsídio de camisas. O telejornal era apresentado às 20h 30m.
1º Indicativo do Telejornal em 1959 e o locutor Gomes Ferreira
Henrique Mendes e José Mensurado
Operadores de câmara
Acidente em directo no ano de 1957
Presidentes do Conselho Dr. Oliveira Salazar e Prof. Marcelo Caetano, na RTP
António Lopes Ribeiro e maestro António Melo no "Museu do Cinema" , e o actor João Vilarett
No estúdio, o cenário do "Telejornal" era composto por: telefone cinzento (que por vezes o locutor pedia licença para o atender durante o "Telejornal"…), um mapa-mundo, e à frente dois maços de tabaco das marcas “Porto” e “20 20 20 “, que patrocinavam o programa. A propósito do telefone: «Um momento senhores telespectadores!” interrompia o apresentador, tomando notas numa folha de papel … pousava o telefone e retomando o Telejornal … «Acabem de comunicar-nos da redacção uma notícia de última hora…». Mais tarde o administrador da RTP, não gostando de uma interrupção feita por causa de uma notícia que ele não considerou importante, decidiu acabar com o telefone mas disse: «desliga-se mas o aparelho continua lá, fica bem na imagem».
Os primeiros locutores no início da RTP foram: Gina Esteves, Isabel Wolmar, Fialho Gouveia, Manoel Caetano, Gomes Ferreira, Henrique Mendes, Paulo Cardoso, José Mensurado . Outros grandes nomes passaram pela RTP como: Maria Leonor, Ana Zanatti, Artur Agostinho, Pedro Moutinho, Rui Ferrão, Carlos Cruz , Fernando Pessa, Jorge Alves, Eládio Clímaco, só para nomear alguns dos mais antigos.
Posto emissor de Monsanto
Dois aspectos do interior do posto emissor em 1957 : o emissor e o centro de controle.
1º aparelho de videotape Antenas de feixes hertezianos
A emissão de um "Telejornal" incluía: 2 chefes, 8 redactores, 6 operadores de câmara e 4 dactilógrafas. A redacção do "Telejornal" era um quarto com 30 metros quadrados, com mesas e cadeiras para 6 pessoas. Havia gabinetes à parte para dois chefes, para o desporto e para as dactilógrafas, para as montagens, para os telexes, onde três aparelhos faziam chegar as notícias internacionais a toda a hora.
A sala dos telexes e o serviço de Boletim Meteorológico (1964) com o meteorologista Anthímio de Azevedo
Para poder comparar …O estúdio de informação da RTP de hoje nas instalações da Av. Marechal Gomes da Costa é o maior e melhor equipado estúdio da Europa. Tem cerca de 800 m2 de área e um pé direito de 14 metros. Demorou 15.000 horas de trabalho a montar.Tem 400 metros de calhas suspensa e 6 toneladas de metal. Desde o tempo de projecto até á sua finalização decorreram 9 meses. Está tudo integrado no mesmo espaço, transmissão, régie, redacção, …Outros tempos ….
João de Freitas Branco "História da Música" Maria João Baião e Jorge Alves no concurso de 1965
Maria de Lourdes Modesto e Henrique Mendes Engenheiro Sousa Veloso e o "TV Rural"
As reportagens nacionais eram marcadas de véspera. Muitas vezes, devido à falta de gente, ia apenas o operador de câmara, que levava instruções do chefe para poupar filme, que era caro. «Não mais de 30 metros» - daria para para gravar 3 minutos, que por sua vez exigia pelo menos 1 hora de revelação no laboratório, que no fim daria para 1 minuto e meio de imagens, enquanto o locutor lia o texto elaborado pelos redactores, muitas vezes com base em informações do operador de câmara. As notícias eram passadas à máquina por quatro dactilógrafas, em folhas brancas ou azuis, seguiam para o chefe, que tinha de as assinar, e eram expostas numa bancada pela ordem de entrada na emissão, onde ficavam a aguardar o visto do censor, que aparecia pelas 19h30m. Sem a rubrica deste censor nenhuma notícia podia ir para o ar.
Operadores de câmara em reportagem: Simone de Oliveira no Aeroporto e Volta a Portugal em Bicicleta
Miras Técnicas
A 2 de Fevereiro de 1964 realizou-se, em Lisboa o 1º "Festival RTP da Canção" para escolher a representante portuguesa ao IX Festival da Eurovisão que se realizaria em Copenhaga a 21 de Março desse ano. Venceu António Calvário com a canção "Oração". Na Dinamarca ficou em último lugar com … 0 pontos.
Madalena Iglésias, noutro Festival
No início a televisão era vista, sobretudo em cafés ou montras de lojas que vendiam aparelhos. A RTP também possuía a sua própria loja na Praça de Londres, esquina com a Avenida Paris, onde igualmente comercializava aparelhos de televisão. Também afixava a programação da emissão diária da RTP no exterior da mesma.
Loja da RTP e programação afixada no exterior
Primeiras propagandas em 1957 e 1958
1962 1963
Programas famosos e de grande audiência foram: de culinária de Maria de Lurdes Modesto de agricultura “TV Rural” de Sousa Veloso, de automóveis “Sangue na Estrada” de Francisco Nogueira, “Cartaz TV” de Jorge Alves , “Conversas de Teatro” do António Pedro, as “Charlas linguísticas” do Padre Raul Machado ou as histórias e os poemas declamados pelo João Villaret, "Zip-Zip" de Fialho Gouveia, Raúl Solnado e Carlos Cruz, etc.
No dia 20 de Outubro de 1959, a RTP tornou-se membro da "UER - Union Européenne de Radiodiffusion" - e em meados dos anos 60, a televisão passou a ser transmitida para todo o país.
Maria Fernanda, Isabel Wolmar e Maria Manuela (da esquerda para a direita)
José Fialho Gouveia em 1964 Anuário RTP de 1969
No dia 25 de Dezembro de 1968 comemorou-se o Natal com a criação de um segundo canal, o "II Programa" mais tarde "RTP 2".
Posto emissor do II Programa
Programação da RTP em 20 de Julho de 1969 (Véspera de Neil Armstrong pisar a Lua)
Emissão conduzida por José Mensurado no dia 21 de Julho de 1969
Em 1969 estreia-se dos mais famosos programas de sempre da RTP: "Zip-Zip" e que constituiu um importante marco na história de televisão em Portugal. O programa "Zip-Zip", emitido em plena Primavera Marcelista, foi realizado por Luís Andrade e apresentado por Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raul Solnado e era apresentado no Teatro Vilarett.
O primeiro programa foi gravado no dia 24 de Maio de 1969, tendo Almada Negreiros como convidado principal, e obteve êxito imediato. Foi o primeiro programa português do tipo talk show gravado aos sábados, no Teatro Villaret, com público e transmitidos na segunda-feira seguinte à noite.
O Major Baptista Rosa abandonou a equipa de produção logo após esse primeiro programa, em virtude de se ter incompatibilizado com os outros membros da equipa. A partir do 2º programa verificaram-se algumas modificações incluíndo o genérico do programa.
Entre o público que assistia à gravação estava presente um agente da PIDE. A emissão dos conteúdos tinha que ser negociada com a polícia do regime entre sábado (dia da gravação) e segunda-feira (dia da apresentação). José Nuno Martins também colaborou com o programa, trazendo jovens talentos ao palco. A última emissão foi transmitida no dia 29 de Dezembro de 1969, com os três apresentadores disfarçados de velhos anciãos.
Em 1970, em colaboração com a RTP, a "Editorial Verbo" lança a "Biblioteca Básica Verbo - Livros RTP" , uma colecção de livros de bolso. A ideia surge de uma experiência idêntica que se havia realizado, com grande sucesso, em Espanha, com a televisão espanhola e uma editora madrilena. O então Presidente da Direcção da RTP, depois de uma viagem a Espanha, vem muito entusiasmado com a ideia e é dirigido um convite à Verbo para ser a editora portuguesa a participar neste projecto. Tratava-se de uma acção completamente inovadora no mercado português, da qual jamais, na altura, se teve noção da dimensão que o empreendimento iria tomar e na qual todos os detalhes foram cuidadosamente trabalhados. Foram estudados incansavelmente cada um dos 100 títulos a incluir; a periodicidade, acabando por se optar pela semanal; o papel a utilizar nos livros; a cartolina das capas; o tipo de letra; o formato do livro; o grafismo das capas (da autoria de Sebastião Rodrigues, o pai do design gráfico português) e a distribuição. Também na distribuição este projecto se revelou extremamente inovador.
Coleccção "Biblioteca Básica Verbo - Livros RTP"
Montou-se uma rede de distribuição inédita, com 3500 pontos de (note-se que então o número de livrarias registadas não ultrapassava o 600), para o abastecimento dos quais a "Editorial Verbo" teve que reforçar a sua frota de transporte com oito novos furgões. O nosso slogan interno foi que tínhamos que ter um ponto de venda, devidamente abastecido, junto de cada televisor existente em Portugal. No fundo, o que se fez foi vender livros em locais onde tal nunca tinha acontecido antes, tais como quiosque e tabacarias, muito à semelhança das novas tendências do mercado . Também toda a publicidade a fazer na televisão e que era da responsabilidade da RTP, foi connosco discutida, estudada, realizada e programada. A "Editorial Verbo" previu quase tudo pensado que tinha previsto tudo e imprimiu 50.000 exemplares dos dois primeiros volumes (o segundo livro era oferecido na compra do primeiro). O que não previa era que esses 50.000 exemplares se iriam esgotar na própria manhã do dia do lançamento, 6 de Novembro de 1970, e que as pessoas os disputariam a murro nos armazéns da editora, a ponto de impedirem a entrada a um dos administradores da Verbo, porque as centenas de homens e mulheres que formavam fila para serem abastecidos pensaram que ele lhes ia passar à frente e tirar o lugar!
Dos dois primeiros volumes - a novela "Maria Moisés" , de Camilo Castelo Branco, e "100 Obras Primas da Pintura Europeia" acabaram por se imprimir, à lufa-lufa, e vender 230.000 exemplares de cada. Em Outubro de 1972, do 100º título, "Os Lusíadas" , ainda se venderam mais de 100.000 exemplares. Ao todo, durante aquelas cem semana, foram colocados em casa dos portugueses, ao preço de 15 escudos cada, mais de 15 milhões de livros, num país maioritariamente iletrado.
Mais tarde, dois canais regionais iniciaram a sua actividade nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, na década de 70 do século XX: RTP Madeira, em 6 de Agosto de 1972; RTP Açores, em 10 de Agosto de 1975.
Após o 25 de Abril de 1974, o estatuto da empresa concessionária da radiotelevisão foi alterado. Em 1975, a RTP foi nacionalizada, transformando-se na empresa pública "Radiotelevisão Portuguesa" a 2 de Dezembro.
A RTP iniciou as emissões regulares a cores no 7 de Março de 1980, no dia do seu 23º aniversário, depois de algumas experiências técnicas. Contudo grande parte da população ainda não dispunha de equipamentos a cores. A 1ª transmissão a cores foi a do "Festival RTP da Canção 1980", que pode ser vista em algumas montras de algumas lojas de Lisboa.
O vencedor José Cid com “Um grande, grande amor” e a mira técnica a cores
Edifício da RTP na Avenida 5 de Outubro em Lisboa, inaugurado em 1976
Em 31 de Março de 2004 é inaugurada a nova sede e complexo de estúdios, da RTP / RDP na Av. Marechal Gomes da Costa em Lisboa.
O novo complexo de estúdios das actuais instalações, possui meios técnicos modernos emitindo no formato TDT (Televisão Digital Terrestre) e também um enorme carro de exteriores totalmente equipado para emissão em HDTV (High Definition Television-Televisão de Alta Definição). Este complexo tem 4 estúdios de 800, 400, 200 e 100 metros quadrados devidamente equipados.
O universo actual da "Rádio e Televisão de Portugal"
E para finalizar a famosa, inesperada e odiada tela ….
Para a história da Rádio em Portugal consultar artigo "A Rádio em Portugal", publicado no passado mês de Agosto.
fotos in: “RTP 50 anos de História” , “50 anos de Telejornal”, "Portugal Século XX". Bic Laranja, IÉ-IÉ, Hemeroteca Digital, Museu da RTP, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital